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Você que inventou o amor, faça o favor de explicar

Investir na relação significa basicamente ultrapassar os momentos de crise, perdoar o que é perdoável, ressignificar os sentimentos e reinventá-los

27/09/2017 15:07

Eu não sei falar de amor, eu não entendo nada de amor e nem sei se sei amar. Em uma conversa entre amigas, me sinto a pessoa com menos know how no assunto. Todo mundo fala de uma forma madura, sensata, bonita... e eu fico lá pensando impulsivamente, igual uma menina de 15 anos.

Mas, antes de me julgarem, reconheçamos que esse é um sentimento muito difícil de entender. Primeiro, que pode ser confundido com paixão. É nessa fase que a gente sente todas aquelas sensações de insegurança, ciúmes e medo. Por outro lado, achamos que encontramos o grande amor, que não existe ninguém igual. A gente faz planos pra vida, pra morte e pra reencarnação.

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Só que essa carga emotiva não dura mais que alguns meses. No máximo, poucos anos. Aí vem a segunda fase, que é a da calmaria. Um sentimento tranquilo, seguro, sereno. Pronto! O casal está numa sintonia maravilhosa, nada pode afetar aquela harmonia... #SQN, meus amigos.

Eu não sei qual o nome do cão que atenta, mas deve haver um específico pra atuar nessa área de fazer com que as sensações acima ganhem contornos diferentes. O que parecia tranquilidade se transforma em chatice. A sintonia passa a ser apenas o previsível. A segurança dá até uma raiva, porque falta alguma coisa para apimentar a relação.

É aí que começa a terceira fase, decisiva pro futuro do casal. Chega o momento de refletir sobre o sentimento que um tem pelo outro, de avaliar se ainda existe amor, ou se ele nunca existiu. De decidir, enfim, se devem seguir juntos e como vai se configurar essa nova relação.

Existe a teoria de que o amor romântico é uma grande utopia. E perceber isso nos deixa decepcionados. Manter um relacionamento, portanto, dependeria muito mais da decisão consciente do casal, do que de um sentimento arrebatador, que os une para a vida toda. Na prática, essa teoria diz que não existe alma gêmea natural, nós é que a formamos a partir de muito esforço e de investimento na relação.

Investir significa basicamente ultrapassar os momentos de crise, perdoar o que é perdoável (não estou falando de agressão e nem de relacionamento abusivo), ressignificar os sentimentos e reinventar a relação sempre que ela estiver entrando na mesmice.

Agora, me digam: isso é fácil? Quem consegue? Qual o nível de maturidade que precisa atingir pra não ter vontade de sair correndo logo na segunda fase?

Tem um verso de uma música do Chico Buarque que diz: “Você que inventou a tristeza / Ora, tenha a fineza / De desinventar”. Com a permissão do grande poeta, faço uma adaptação: “Você que inventou o amor / Ora, faça o favor / De explicar”.

Fonte: Nayara Felizardo
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