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Passeio no Encontro dos Rios

Lenda ou não, o Cabeça de Cuia permeará por toda vida o universo de crianças e adultos teresinenses.

22/01/2015 16:24

No último domingo levei meu filho Pedro - de 11 anos - para conhecer o Parque Ambiental Encontro dos Rios. Era uma bela manhã ensolarada que parecia ter sido feita exatamente para grandiosos passeios. E ali, diante de toda aquela natureza exposta e de ostentação pública, já não era pai e filho que untavam os olhos de encantamento pela a beleza do local, mas sim duas crianças marotas em busca de algo diferente.

Obviamente que a nossa primeira parada, e obrigatória, foi no monumento à lenda Cabeça de Cuia, aliás, meus amigos, eis ai o motivo real da nossa escapadinha de dias tão rotineiros: mostrar ao Pedrinho o monumento de uma das principais lendas de Teresina, circundado pelas as suas Sete Virgens. 

Com olhar e curiosidade de turista, meu filho quis saber o porquê de Cabeça de Cuia, o porquê das Sete Virgens, o porquê disso e daquilo. Imediatamente tentei lembrar de algumas historinhas didáticas para não deixá-lo na mão, também tentei lembrar de alguns trechos do belíssimo artigo da professora Socorro Magalhães, "A lenda do cabeça-de-Cuia: estrutura narrativa e formação do sentido", para poder enfim, dirimir todos os eventuais questionamentos ou quase todos que o meu filho de repente pudesse me fazer sobre o menino Crispim que matara a mãe, num ato de fúria.

Satisfeito com as explicações dadas por este guia postiço - ele não acrescentou nenhuma pergunta a mais, além daquelas que julgo triviais - pediu-me que o levasse a outra parte do parque turístico. Como não se pode negar a um pedido de um homenzinho em formação, levei-o ao museu do peixe, classifiquei assim de "museu do peixe", porque sinceramente, não sei como dar nome a um lugar onde várias espécies de peixes mortos estão engarrafadas. O fato, é que meu filho Pedro amou ver de pertinho um Surubim, um Piau, um Mandi e, principalmente uma Arraia, mesmo que todos esses peixes estivessem meio amarelados dentro de garrafas, como se fossem cajus em conservas de cachaça. 

Depois de recuperar o fôlego e revigorar o espírito com os peixinhos que haviam partido dessas águas intermitentes para outras águas perenes, Pedrinho sentiu sede. Fomos até ao restaurante e pedimos uma Coca Cola para matar tanto a sede dele como a minha. E o garçom logo nos atendeu com diligência e presteza. E ficamos ali, admirando os casais que se acarinhavam a beira rio, mas nenhum beijo, nenhum afago, foi suficientemente compatível com a cena que eu e o Pedrinho acabávamos de presenciar: o encontro majestoso do rio Parnaíba com o rio Poti. 

Lindo, maravilhoso encontro! Tão maravilhoso quanto às belezas do Nilo, do Ganges ou do Tâmisa sob a ponte de Londres, desculpa ai o exagero, mas numa cidade tão remota como a nossa, testemunhar o Parnaíba abraçar o Poti, é como se esse encontro fosse mais uma das grandes maravilhas do mundo, é ou não é? 

Acho que satisfiz o desejo do meu filho em querer conhecer o Encontro dos Rios, pois ao final do passeio, ele radiava de contentamento como o sol da manhã daquele domingo. Todo o cenário desse prazeroso passeio deixou uma forte impressão em minha mente: a de que lenda ou não, o Cabeça de Cuia permeará por toda vida o universo imaginário de crianças e adultos que residem em Teresina.                                            

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