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Vencedor do Oscar direção em 2012 apresenta filme sobre Godard

A história da relação entre Godard (vivido por Louis Garrel) e a atriz Anne Wiazemsky (interpretada por Stacy Martin) é a base do longa-metragem

14/10/2017 11:08

"Olha, Godard não me intimidou em nada. Já conversei com Vladimir Putin. Aquilo, sim, foi assustador”. Foi assim, utilizando o presidente da Rússia como parâmetro, que o diretor francês Michel Hazanavicius – vencedor do Oscar de melhor direção em 2012 por “O artista” - definiu seu destemor para tratar da vida Jean-Luc Godard, um dos mais importantes nomes da história do cinema da França e peça fundamental da “Nouvelle Vague” – movimento de renovação do cinema ocorrido na década de 1960 que, além do próprio Godard, deu ao mundo nomes como Claude Chabrol, Alain Resnais e François Truffaut – em “O formidável”, filme que veio apresentar no Festival do Rio.

A história da relação entre Godard (vivido por Louis Garrel) e a atriz Anne Wiazemsky (interpretada por Stacy Martin) é a base do longa-metragem, apresentado na noite desta sexta-feira (13) no Reserva Cultural, em Niterói.

“Nunca havia pensado em fazer um filme sobre Godard – mesmo porque ele não é uma das minhas influências no que se refere a cinema. Mas o livro escrito por Anne Wiazemsky, que trata da relação deles, chegou às minhas mãos e eu me encantei pela história. Vi que poderia criar alguma coisa interessante a partir dali”, explicou Hazanavicius.

Michel Hazanavicius fala sobre 'O formidável', obra que trouxe para apresentar no Festival do Rio. (Foto: Carlos Brito / G1)
Michel Hazanavicius, diretor do filme 'O formidável' (Foto: Carlos Brito / G1)

Godard e Anne se encontraram no set de “A chinesa”, filme de 1967 que funciona como declaração radical de apoio do cineasta ao regime maoísta chinês. Ele se encanta pela beleza e juventude dela. Ela se deixa levar pela inteligência e intelectualidade do realizador.

No ano seguinte, entretanto, as revoltas de estudantes e operários explodem na França fazendo com que Godard se torne cada vez mais obcecado na adesão aos regimes comunistas – tanto que renega com veemência seus primeiros filmes, obras que o tornaram conhecido e respeitado como “Acossado”, “O desprezo” e “O demônio das 11 horas”, passando a considerá-los todos mera diversão escapista burguesa.

Para Godard, a partir daquele ponto, todos os filmes deveriam ter, de forma obrigatória, forte conteúdo ideológico – sempre no ponto mais à esquerda do espectro político. Essa postura irredutível, e muitas vezes autocentrada, afastaria Godard de amigos, colaboradores, associados e, por fim, da própria mulher.

“Ele pagou um preço por essa escolha. Além do fim da relação com a esposa e do afastamento de todos, seus filmes se tornaram cada vez mais complexos e difíceis e, é claro, isso fez com que o público se distanciasse. E é curioso porque, quando paro para pensar na obra de Godard, gosto das produções da fase inicial, justamente aquelas que ele passou a desprezar. Nos últimos anos, ficou evidente que ele começou a se preocupar mais com a linguagem do que contar uma história – basta assistir produções como ‘Filme socialismo’ e ‘Adeus à linguagem’. No meu filme, entretanto, tento não fazer nenhum julgamento sobre as escolhas que ele fez”, analisou Hazanavicius, que teve certo trabalho para convencer o ator Louis Garrel a interpretar o cineasta.

“Garrel é apaixonado por Godard. Sempre teve muito respeito pela obra dele e estava com receio de interpretá-lo no cinema. No fim, entretanto, consegui convencê-lo. As coisas são assim no cinema - é uma espécie de jogo. Por sorte, acho que com ‘O formidável’ acabamos ganhando”, finalizou Hazanavicius, pouco antes da palestra concedida à plateia que havia acabado de assistir do filme.

Fonte: G1
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