Ex-treinadora das categorias Sub-15 e Sub-17 da Seleção Brasileira de futebol feminino, a paulistana defende que o trabalho na base precisa ser mais fortalecido, especialmente em um momento em que grandes nomes da Seleção Brasileira estão chegando aos últimos anos de suas carreiras como jogadoras profissionais. Após os Jogos OlÃmpicos, a falta de investimento na base que deveria ter acontecido há pelo menos 10 anos vai cobrar um preço alto.Â
"Hoje, eu não vejo nomes para substituir Marta, Formiga ou Cristiane na base. Nós temos muitas atletas que podem, não substituÃ-las, mas suprir essa lacuna que elas irão deixar. Mas volto a dizer, é importantÃssimo fazer um projeto bom para a base, para que a gente não fique com dor de cabeça depois das OlimpÃadas, porque vai ser sim uma dor de cabeça", acredita ela. Â
Se as melhoras no futebol feminino do Brasil acontecem em conta gotas, a criação do Comitê de Reformas da CBF pode ser um salto bem maior. Com a meia Formiga e a ex-auxiliar de arbitragem Ana Paula Oliveira representando as mulheres, Emily foi convidada a participar de um grupo que discutirá o futebol feminino em especial. Â
Formiga ao lado de Carlos Alberto e Feldman no Comitê (Rafael Ribeiro/CBF)"Colocando em pauta o futebol feminino, eles irão precisar de representantes que saibam sobre o futebol feminino. O futebol feminino não é tão fácil como pensam e não é a mesma coisa discutir futebol feminino e discutir futebol masculino. É preciso pessoas que viveram o futebol feminino para ajudar nesse comitê de reformas", disse Emily, embora ela acredite que as melhorias só devam acontecer a longo prazo. Â
"A curto prazo, eu não vejo resultados, devido a situação da modalidade no paÃs. Nem a médio prazo. E quando digo bons resultados, não falo só de OlimpÃadas e Mundial, eu falo de um Campeonato Brasileiro colocando 15 ou 20 mil espectadores para assistirem a um jogo, eu falo de termos 40 equipes competitivas... Isso é a melhora no esporte. A melhora não é chegar no Rio de Janeiro e ser campeão olÃmpico, a melhora da modalidade é criar campeonatos estaduais, ligas, competições para as categorias de base", acrescentou. Â
Se nas últimas edições do Campeonato Paulista e do Brasileiro o futebol feminino tinha apenas duas treinadoras mulheres, em 2016 a situação estará um pouco diferente: Emily será a única mulher a comandar uma equipe na disputa nacional. No entanto, a paulistana acredita que existe espaço para as mulheres atuarem mais diretamente na modalidade. Â
Emily enfrenta desafios no São José (Tião Martins/PMSJC)"Eu acho que as portas estão abertas, mas ainda vejo poucas treinadoras. Sei que outras treinadoras estão trabalhando em escolinhas, até mesmo com o masculino, mas quando me refiro a poucas treinadoras é porque nos campeonatos que disputamos tinham apenas duas treinadoras no Paulista e duas no Brasileiro do ano passado, éramos eu e a treinadora do Botafogo-PB. Nesse ano, no Brasileiro, só tem eu de treinadora", frisou a ex-jogadora. Â
Por fim, Emily destacou as dificuldades enfrentadas pelo São José, que mesmo sendo o maior campeão do futebol feminino no paÃs com três tÃtulos da Libertadores e um Mundial, perdeu quase 90% do time devido à falta de investimento financeiro. Ainda assim, a ela segue trabalhando forte e tem as melhores expectativas para a temporada 2016. Â
"A gente mudou um pouco o elenco, estamos com bastante dificuldades financeiras. A gente valoriza muito o trabalho. Tive que fazer com que as meninas que pouco atuavam acreditassem que elas não estavam aqui por acaso. É um trabalho bem difÃcil, complicado. Mas é um trabalho que tem um nÃvel muito alto. Então esse ano a gente quer dar continuidade a esse trabalho, mas também com mudanças", finalizou. Â