Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Uma página da história da educação em Água Branca

UM PROFESSOR NO SEU REAL SENTIDO ETIMOLÓGICO

05/06/2015 07:44

Lembro-me como se fosse hoje. Abril de 1981. Data memorável do meu ingresso no magistério, contratado como professor, com registro na carteira de trabalho, pela CNEC de Água Branca. Fui conduzido pelo professor Raimundo Sobral Neto, o então vice diretor. O substitui na disciplina de Química. O diretor era o professor Francisco José Leal, conhecido até hoje como Chiquinho, que me apresentou em todas as turmas. Esse era um diretor de pulso forte que fazia cumprir as normas da escola ao pé da letra.
Naquela época, as escolas da CNEC, espalhadas por todo o Piauí, era a porta aberta do saber que alcançava a todas as classes sociais. Era praticada uma mensalidade simbólica e supria a demanda reprimida na ausência das escolas públicas municipais e estaduais, tando a nível do ensino fundamental como do antigo Segundo Grau, hoje Ensino Médio. 
Aqui em Água Branca, especificamente, eram ofertados o fundamental e o médio, sendo que se oferecia a nível de segundo grau, apenas o curso técnico Habilitação Básica em Comércio, dada a necessidade de atendimento qualificado ao maior mercado de absorção dessa mão de obra, tanto em Água Branca como na capital, Teresina. 
Durante décadas, a cidade de Água Branca, tornou-se o centro atrativo de estudantes de outras cidades e irradiador do conhecimento na formação básica dos cidadãos dessa região do Piauí. Eu fui um dos beneficiados, trazido por meus pais para estudar, migrando dos Cocos, município de Regeneração, hoje pertencente à cidade de Jardim do Mulato.
A movimentação maior dava-se à noite com os paus de arara e até caçamba trazendo os estudantes para cursar Habilitação Básica em Comércio. Isso sem se falar na quantidade imensa de estudantes que se deslocavam de bicicleta e até a pés de locais mais próximos.
Outra era áurea da corrida para Água Branca por parte de muitos estudantes, tanto dessa região como de ouras do Piauí, inclusive da capital, Teresina e até de outros estados, como do Maranhão e da Bahia, deu-se no final da década dos anos 90 e até por volta de 2004, quando a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) passou por um período histórico durante o governo Mão Santa, que, através do seu reitor, professor Jônthas Barros, desenvolveu a política expansionista e de interiorização da UESPI, alcançando milhares de pessoas que se encontravam desiludidas de uma formação acadêmica e tiveram essa oportunidade. Água Branca tornou-se o pólo de atração de centenas de estudantes, e, outra vez, pólo irradiador do saber.
Desse período histórico de apogeu da oferta de cursos superiores, tive minha participação, tanto como professor, como Coordenador Geral do Campus da UESPI em Água Branca. Outro professor Chiquinho na história da educação, agora a superior.
Estamos nos reportando de forma superficial sobre esses assuntos, mas muito há o que se relatar sobre esse lado da nossa história em Água Branca que é relegada, somos relegados a planos inferiores. Vivemos numa cidade, num estado e num país sem MEMÓRIA. Lamento!

Mais sobre: