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Procuradora diz que e-mails revelam propina para grupo "nossos amigos"

O documento do MPF ressalta que, na primeira fase da operação, ficou claro que uma empresa ligada a Arthur Soares depositou R$ 2 milhões em uma conta ligada a Papa Diack.

05/10/2017 13:35

Após a Polícia Federal cumprir mandado de prisão contra Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), e Leonardo Gryner, ex-diretor da entidade, as autoridades detalharam a Operação Unfair Play, desdobramento da Lava Jato. Segundo a procuradora da república, Fabiana Schneider, foram encontrados e-mails que revelam pagamento de propina por parte do dirigente a um grupo conhecido como "nossos amigos".


Carlos Arthur Nuzman (Francisco Medeiros/ME)

"Com a continuação da Operação Unfair Play, tivemos uma primeira rodada de buscas na qual foram colhidas matérias consistentes e importantes, que nos permitiram avançar à fase atual, o segundo tempo. A primeira parte diz respeito a e-mail com conteúdo revelador e determinante a efetiva participação dos integrantes do COB. Nuzmal e Gryner. Demonstra a intermediação de pagamentos do lado brasileiro de Papa Diack. E-mails revelam que dinheiro eram para um conjunto de pessoas, designados como "nossos amigos". Além dos e-mails, durante as buscas foi localizado um dossiê elaborado pelo Sergio Cortez, que está preso. Um dossiê produzido a pedido do Nuzman em face de uma pessoa, seu opositor. Há outros elementos importantes. De elos que se formam dos integrantes. Identificamos planilhas com contas a apagar, com destinação de dinheiro ao comitê organizador, que contratou a empresa Masan. O fluxo deveria ser o contrário. Identificados e-mails com ligação direta entre Gryner e Suarez. Contradiz o próprio depoimento de Gryner. Nesses 30 dias foi identificada mais uma foto da farra dos guardanapos. Ele também estava presente no episódio", disse Fabiana.


Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O documento do MPF ressalta que, na primeira fase da operação, ficou claro que uma empresa ligada a Arthur Soares depositou R$ 2 milhões em uma conta ligada a Papa Diack, filho do presidente da IAAF, na véspera da eleição que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016. Mas não havia ficado "totalmente esclarecido" quem intermediou o pagamento da propina. Para o MPF, foram Nuzman e seu "braço direito" Leonardo Gryner.
Isso ficou comprovado a partir de e-mails trocados entre Diack, Gryner e Nuzman no fim de 2009, poucos meses depois da votação, no qual o senegalês cobra depósitos que deveriam ter sido realizados em contas bancárias em Moscou e no Senegal. Nessas mesmas contas, a empresa de Arthur Soares, a Matlock, havia feito depósitos que somam US$ 2 milhões.
Em outro e-mail, Papa Diack diz que está tendo dificuldades com um "problema" e diz que está enfrentando todo tipo de constrangimento de pessoas que confiaram no comprometimento dos senegaleses em Copenhague. Foi na capital dinamarquesa que aconteceu a escolha do Rio como sede da Olimpíada. Depois, Gryner responde pedindo desculpas e dizendo que tem um novo "patrocinador".
Para os investigadores, isso não apenas comprova que Nuzman e Gryner tinham conhecimento do fato como "fizeram todo o trabalho de intermediação". Além disso, deixa claro que os pagamentos não se limitaram a US$ 2 milhões, uma vez que foram feitos depósitos subsequentes.
No pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público Federal, Nuzman é acusado de tentativa de ocultação de bens. Também é apontado um aumento de patrimônio de Nuzman de mais de 457% entre os anos de 2006 e 2016.
Como exemplo, o Ministério Público citou uma chave apreendida na primeira fase da operação que poderia corresponder a um cofre na Suíça, considerando que estava guardada junto a cartões de visita de agentes que trabalham como serviço de locação.

Fonte: Folhapress
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