Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Tráfico ordenou volta de usuários à 'antiga Cracolândia', dizem agentes

Integrantes de facção criminosa coordenaram migração da Praça Princesa Isabel para a Alameda Cleveland. Motivo seriam prisões de traficantes pela PM.

22/06/2017 14:34

O tráfico de drogas ordenou a saída dos cerca de 600 usuários de droga da nova Cracolândia, na Praça Princesa Isabel, e a ida deles para a antiga, na Alameda Cleveland, ambas no Centro de São Paulo. A informação é de agentes públicos de segurança e de representantes do poder judiciário e assistentes sociais ouvidos nesta quinta-feira (22) pelo G1.

A procissão do crack, como é conhecido o deslocamento coordenado dos dependentes, ocorreu na noite de quarta-feira (21), exato um mês após a operação policial na região da Rua Helvétia. Segundo as pessoas que aceitaram falar com a reportagem sob condição de anonimato, o Primeiro Comando da Capital (PCC) determinou que os dependentes químicos deixassem a praça para evitar que novos traficantes sejam presos.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que apura o motivo do deslocamento. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) informaram que não agiram de foram a determinar a saída dos usuários de drogas da praça.

O número oficial de suspeitos detidos pela polícia por tráfico não foi informado pelas fontes, mas é certo que, além das prisões de criminosos, o combate ao comércio de drogas tem prejudicado as vendas e, por consequência, o lucro da facção criminosa. As ações de segurança são feitas pela Polícia Militar (PM) com o apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Mudança de endereço

Os usuários tinham deixado a antiga Cracolândia em 21 de maio, quando uma operação policial para prender suspeitos de tráfico espalhou os dependentes para outras áreas da cidade. Uma delas foi a Praça Princesa Isabel, que passou a ser conhecida como nova Cracolândia.

O ‘fluxo’, como é conhecida a concentração de usuários para comprar e consumir crack, só mudou de endereço desde então: a cerca de 400 metros da antiga Cracolândia. Neste mês de junho ocorreram ao menos duas operações da PM que causaram confronto com os viciados na praça: nos dias 11 e 14. Nos dois casos, a alegação da força de segurança era de que as ações resultaram na prisão de traficantes.

Dessa vez, no entanto, a saída dos usuários da nova Cracolândia foi espontânea, sem o uso da força policial. Fotos obtidas pelo G1 mostram a chegada de policiais militares à praça logo após a debandada dos dependentes.

Ainda segundo as fontes ouvidas pela reportagem, a facção criminosa entendeu que a disposição geográfica da nova Cracolândia não era favorável ao tráfico. Como a praça havia sido cercada por policiais, a entrada da droga era dificultada. O crack que abastece os viciados vem da Favela do Moinho, segundo policiais.

Como a favela fica a uns 200 metros da praça, policiais montaram campana na Avenida Rio Branco para prender traficantes que levavam a droga. Ou seja, não há outras rotas de entrada e fuga para traficar.

Com a migração dos usuários para a Alameda Cleveland, o modus operandi do crime organizado volta a funcionar como era antes na antiga Cracolândia. Na região há mais rotas para comercializar o crack, dificultando a identificação e prisão dos traficantes. Em contrapartida, isso facilita a compra da droga pelo dependente.

Prefeitura

A Prefeitura de São Paulo informou que a mudança de local de concentração dos usuários não altera os trabalhos que vêm sendo realizados e que vai manter os atendimentos de saúde e de assistência social na região da Luz. Já foram feitas 427 internações voluntárias desde o dia 21.

Nos próximos dias, serão criadas mais duas unidades do Atende, posto emergencial de atendimento social aos usuários e ampliada a unidade já existente, elevando para 600 a capacidade de acolhimento na região. Também haverá reforço nas vagas disponíveis para internação psiquiátrica, que passarão de 270 para 470.

Fonte: G1
Mais sobre: