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Futuros servidores largam emprego atual para se dedicar somente aos concursos

Com a crise na segurança pública, muitos concurseiros têm optado pela carreira policial, como modo de ajudar a diminuir os índices de violência no país

22/10/2017 08:30

O perfil dos futuros servidores públicos é formado geralmente por jovens que sonham com a estabilidade financeira alcançada através da aprovação em um concurso público. Para isso, eles estão dispostos a largar os empregos na iniciativa privada e investir tempo e dinheiro.

Alynne Teixeira é formada em pedagogia, e conta que desistiu do trabalho para se dedicar integralmente aos estudos. Participando de seleções há 10 anos, a concurseira está desempregada há três meses e, durante esse tempo, dedica pelo menos 6 horas por dia para estudar.

Insatisfeita com o trabalho de professora temporária, Alynne decidiu prestar concursos para tentar mudar de vida. Para ela, ter um trabalho fixo e ter sua independência financeira é um sonho que pretende alcançar. “Eu quero parar de depender do dinheiro do meu pai, então eu prometi que, se eu passar, vou trabalhar na empresa e no outro horário vou trabalhar voluntariamente em alguma instituição de caridade”, diz esperançosa.


Alyne Teixeira estava insatisfeita com o trabalho e agora se dedica somente aos estudos para concurso (Foto: Jailson Soares/ODIA)

A advogada Arianne Vieira decidiu abandonar o trabalho para se dedicar somente aos estudos. Ela conta que há dois meses se dedica apenas a estudar para concurso. A decisão foi motivada pela estabilidade financeira do serviço público, bem como a previsão de abertura de editais para concursos na área do direito nos próximos meses.

Segundo o professor e coordenador de um curso preparatório, Álysson Nunes, além de se estabilizar financeiramente, os candidatos também pretendem mudar a realidade do serviço público no país, em especial na área de segurança pública. Por isso, os concursos mais procurados são da carreira policial. "Com a crise na segurança pública, os concurseiros almejam contribuir para a diminuição dos índices de violência no país, através do trabalho realizado na área ostensiva e investigativa. Muita gente está se preparando para concursos para policial militar, agente ou delegado da Polícia Civil”, destaca o professor.


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Arianne confirma a análise de Álysson Nunes e destaca que pretende contribuir para com que o serviço público seja eficiente. “Eu quero servir ao público, mas, além disso, percebi que quero uma mudança em relação ao tratamento dado ao público e aos advogados”, declara.

Preparação

Para o professor Álysson Nunes, não existe um tempo ideal de estudo. Tudo depende da disponibilidade do concurseiro. O importante é que o candidato aproveite o tempo máximo que puder. Além disso, o curso preparatório presencial é uma boa opção para quem quer ter informações direcionadas e para manter uma rotina de estudos, em especial para quem terminou os estudos formais há mais tempo. 

Muitos alunos procuram o preparatório não só pela questão do conteúdo, mas para também para receber o apoio, e ter motivação através das outras pessoas que estão estudando. "É bom pra eles conversar com os professores, porque, às vezes, as pessoas em casa não encontram isso, principalmente em uma família que nunca estudou para um concurso público e não entende que, apesar de estar em casa, essa pessoa está fazendo uma atividade que é tão custosa quanto trabalhar”, destaca.


Álysson Nunes, professor e coordenador de preparatório para concurso público (Foto: Jailson Soares/ODIA)

A concurseira Alynne Teixeira, além de estudar em casa, faz um curso preparatório na zona Leste de Teresina, e afirma que, mesmo quando não tem aula, estuda na biblioteca do cursinho. “Estudar aqui é melhor do que em casa, porque em casa a campainha toca, ou alguém vem falar comigo e acaba me distraindo. No curso eu posso me dedicar melhor”, relata.

A advogada Arianne Vieira conta que a sua rotina de estudos é intensa. Pela manhã ela estuda em casa e, durante a tarde e a noite, assiste aula no curso preparatório para concursos. Os estudos não param nem aos fins de semana. “É dedicação total. Eu larguei o meu emprego e investi todo o dinheiro em concurso”, afirma. 


Arianne Vieira é advogada e diz que quer contribuir para a eficiência do serviço público (Foto: Jaison Soares/ODIA)

Sobre os momentos de lazer, a concurseira destaca que as saídas com os amigos e com a família ainda são frequentes, mas dentro de um limite. “Não posso extrapolar e ficar debilitada no outro dia”, completa.

Álysson Nunes defende que o ritmo de um concurseiro é o mesmo de um vestibulando, porém com alguns desafios adicionais. “Geralmente o vestibulando é sustentado pelos pais, tem um suporte em casa, não tem que se preocupar em sustentar a família. Já o concurseiro está se sustentando, tem que se preocupar em sustentar a família, e acaba tendo que passar por umas provações pessoais. Então, o psicológico tem que ser mais forte”, conclui.


Edição: Nayara Felizardo
Por: Nathalia Amaral
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