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Ministro defende retirada de leite das negociações com Mercosul

Importações brasileiras do Uruguai foram suspensas na última terça-feira (10). Produtores do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba promoveram manifesto nesta segunda-feira (16) cobrando incentivo governamental.

16/10/2017 19:00

O leite produzido no Brasil pode deixar de integrar a pauta de negociações do Mercosul (Mercado Comum do Sul - composto pelo país junto com Uruguai, Argentina e Paraguai). A possibilidade foi comentada nesta segunda-feira (16) pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, que esteve na cidade de Prata (MG), durante o evento "SOS Leite", em que representantes do segmento leiteiro cobraram incentivos do governo. Na ocasião, também houve protesto por parte dos presentes.

"Eu defendo essa tese dentro do Ministério da Agricultura", disse o ministro durante entrevista coletiva. Segundo Maggi, o Brasil tem uma chance de pedir que o leite fique fora do comércio entre os países porque o açúcar já não integra o Mercosul.

"O Brasil é um grande produtor de açúcar. A argentina impediu isso no passado. Eu tentei negociar esse ano que passou cotas para a Argentina. Mas zero. Simplesmente permitir o mercado para que a gente fosse para a negociação com a comunidade europeia com o açúcar dentro do Mercosul. Nem isso eles aceitaram. Então nós temos essa condição sim, de pedir, de pleitear. Não vejo nenhuma desonestidade nisso porque já temos um produto fora, que é muito importante para a economia brasileira", comentou.

Na última terça-feira (10), as importações brasileiras de leite do Uruguai foram suspensas. O governo brasileiro apura que o país vizinho importava leite da Argentina e reexportava ao Brasil, causando um desequilíbrio na disputa com o mercado interno. Técnicos do ministério devem tentar uma saída para o impasse ainda nesta semana.

Manifesto 'SOS Leite'

Em Prata, a disputa de mercado dentro do Mercosul mobilizou cerca de mil produtores do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, que foram para a BR-153 cobrar medidas para proteger o setor. Segundo a categoria, o custo de um litro de leite é de R$ 1,30 atualmente, mas os produtores dizem receber apenas R$ 1 pela venda.

Apenas em Minas Gerais, 250 mil pessoas dependem dessa produção. No Brasil, o Ministério da Agricultura estima que existam 1,3 milhão de propriedades no segmento que, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), geram mais de quatro milhões de empregos.

Limitação de compra

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), das 240 mil toneladas de leite em pó importadas de Argentina e Uruguai em 2016, 65% são de produtores uruguaios, que possuem custos menores. O ministro da Agricultura disse que, antes de pedir a retirada do leite da pauta do Mercosul, deve propor uma cota aos uruguaios, a exemplo do que já ocorre no comércio com os argentinos, que têm a exportação de leite para o Brasil limitada em cinco mil toneladas.

"Temos que estabelecer uma cota do Uruguai pra regularizar o mercado - para o mercado ler a quantidade de leite no país naquele mês, naqueles dias. Daí para frente, o mercado se regula sozinho", observou Maggi. "O nosso desejo, o desejo do setor de leite, sempre foi ter uma cota com o Uruguai. Nós não reclamamos do volume de leite que o Uruguai coloca para o Brasil, mas a forma como coloca", destacou.

O ministro também informou que a Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário avalia a possibilidade de destinar recursos para a compra massiva de leite como alternativa para tentar segurar a queda de preços no setor. Contudo, um acordo envolvendo o Uruguai é considerado essencial pelo Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento para que medidas como essa funcionem.

Fonte: G1
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