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Suspeitos de ataques podem ter deixado a Espanha, dizem autoridades

A Espanha não é um dos alvos preferenciais dos militantes, o que ajuda a explicar os 13 anos durante os quais o país esteve a salvo desses ataques.

20/08/2017 12:39

Três dias depois dos atentados que deixaram 14 mortos na Espanha, a polícia ainda buscava três suspeitos durante este domingo (20), incluindo o motorista que atropelou dezenas de pessoas na zona turística de Barcelona.

As autoridades catalãs -responsáveis pela região nordeste do país- disseram a jornalistas ser possível que os três terroristas tenham cruzado as fronteiras Europa adentro, apesar dos reforços em estradas e aeroportos.

A essa informação se soma a revelação, feita também no domingo, de que ao menos um dos suspeitos esteve recentemente na Suíça, um país próximo que não faz parte da União Europeia.

O jornal local "El País" diz que tanto Yousseff Aallaa, 19, quanto Mohamed Hicham, 24, viajaram a Zurich no ano passado. A polícia suíça está a par e conclui suas próprias investigações, em coordenação com Madri e Barcelona.

Segundo as autoridades espanholas, Aallaa e Hicham faziam parte de uma célula terrorista de 12 membros que planejou durante meses ataques de grande magnitude.

Eles foram radicalizados pelo líder religioso Abdelbaki Es Satty, 45, na cidade de Ripoll. Guiados por ele, ao que apontam as investigações, os 12 invadiram uma casa abandonada em Alcanar -a poucos minutos da praia - e montaram um arsenal de bombas, com dezenas de cilindros de gás butano e TATP, material volátil conhecido como "mãe de Satã".

O plano foi frustrado por uma explosão acidental, em que possivelmente três deles morreram. Assustado, o grupo antecipou seu ataque.

Eles atropelaram pedestres em Barcelona e Cambrils, onde planejavam também um massacre a facadas. No total, 14 pessoas foram mortas e 132 ficaram feridas, das quais 53 seguem hospitalizadas. Não há informações sobre brasileiros afetados.

Cinco dos militantes foram mortos pela polícia em Cambrils e quatro já estão detidos. Não se sabe a identidade exata dos três suspeitos em fuga, mas pode se tratar do imã Satty e de Younes Aboyaaqoub, 22, o possível motorista de Barcelona.

Retorno à Europa

O fato de que a célula era composta por migrantes marroquinos redirecionou o foco das autoridades para o fluxo de militantes por meio das fronteiras. Segundo o jornal britânico "Guardian", até mil terroristas voltaram ao Marrocos e à Tunísia depois de lutar no território da facção radical Estado Islâmico, na Síria e no Iraque.

O temor -presente há anos, mas agora intensificado- é de que esses regressos planejem e executem atentados contra seus países de origem ou tentem cruzar à Espanha, de onde podem ir ao restante do continente.

A Espanha em si não é um dos alvos preferenciais dos militantes, o que ajuda a explicar os 13 anos durante os quais o país esteve a salvo desses ataques. Em 2004 um grande atentado deixara 192 mortos e centenas de feridos.

O governo espanhol é também conhecido pela eficiência e coordenação de seus serviços de segurança, o que desestimula as atividades terroristas em seu solo.

A facção Estado Islâmico reivindicou os ataques, justificados como atentados contra "cruzados e judeus".

Missa

Em uma demonstração de solidariedade, centenas de pessoas participaram neste domingo de uma missa na basílica Sagrada Família, em Barcelona, em homenagem às vítimas dos atentados.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, participou da cerimônia ao lado do rei Felipe. A missa foi celebrada pelo arcebispo de Barcelona, Joan Josep Omella.

"Nossa presença neste lugar sagrado é sinal de repulsa ao ataque", disse Omella.

Dezenas de pessoas se manifestaram também em Madri em solidariedade. O evento havia sido convocado por comunidades muçulmanas, em uma forte mensagem: não há relação direta entre a religião e o atentado.

Cartazes incluíam recados como "Não no meu nome" e "O islã não tem culpa".

Fonte: Folhapress
Por: Diogo Bercito
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