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Mais de 90% dos domicílios não têm rede de esgotos

O Piauí é o segundo estado com pior desempenho, icando atrás apenas do Amapá, onde 95,4% da população não têm esgotamento sanitário adequado.

13/12/2017 06:49

“Deveria ser isolado que nem encanação de casa”. Esta é a opinião da dona de casa Maria Alice Sousa acerca da rede coletora de esgotos de Teresina. Moradora do bairro Parque Alvorada, na zona Norte de Teresina, há mais de 30 anos, Maria Alice conta que sofre diariamente com o mau cheiro e o risco de contaminação de doenças devido à uma lagoa que recebe parte do esgoto das casas da região.

A residência de Maria Alice faz parte do percentual de 91,7% dos domicílios piauienses que não têm acesso à rede coletora de esgotos, dado divulgado ontem (12) pela Fundação Abrinq. As informações revelam que o Piauí é o segundo estado com pior desempenho, ficando atrás apenas do Amapá, onde 95,4% da população não têm esgotamento sanitário adequado. O número é quase o triplo do registrado na média do Brasil, com 34,7%.

Para a dona de casa Maria Alice, o maior transtorno é no período de chuvas, quando a lagoa inunda as ruas do bairro. Os prejuízos também dizem respeito à grande quantidade de locais que são focos de mosquitos da dengue e chikungunya.

 “A água da lagoa é mais água do esgoto, água da fossa. A gente vê dejetos correndo pela rua e precisa limpar pra não ficar com mau cheiro. Será que isso está certo? A gente não é bem assistido em relação a esgoto”, lamenta.


Parte do esgoto da casa de Maria Alice e dos moradores do Parque Alvorada vai para esta lagoa contaminada (Foto: Moura Alves/O Dia)

Ainda no Parque Alvorada, a doméstica Rosemeire Sousa conta que se mudou há sete meses para a residência onde vive atualmente, na beira de uma outra lagoa coberta por vegetação, onde o esgoto de sua casa também vai diretamente para o local. A preocupação é não deixar o filho se aproximar do pântano, que pode ser foco de doenças.

“Não acho muito correto, mas ninguém pode fazer nada, né? Nessa rua toda, a água das casas vai para a lagoa. Eu acho que o governo deveria aterrar essa lagoa, dar um fim nela. Falta rede de esgoto fechada, porque fica mau cheiro”, relata.

Ainda segundo o levantamento da Abrinq, a rede coletora de esgoto é um privilégio de apenas 65,3% dos lares brasileiros. Já em Teresina, apenas 19,12% da população têm cobertura de esgotamento sanitário.

Em Teresina, cobertura de esgotamento só deve chegar a 30% daqui três anos

Segundo a Águas de Teresina, responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto da Capital, a cobrança da taxa referente ao serviço de coleta e tratamento de esgoto é feita apenas aos clientes cujos imóveis estão em áreas onde há rede disponível. A Capital dispõe apenas de 19,12% de cobertura de esgotamento sanitário e, atualmente, conta com três Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e 17 Estações Elevatórias de Esgoto (EEE).

A meta contratual prevê que, até o terceiro ano de atuação da empresa [que iniciou seu trabalho este ano em Teresina], o índice de cobertura sairá de 19,12% para 30,5%. Em até 5 anos, serão 472 mil pessoas beneiciadas e uma capacidade de tratamento superior a 800 l/s. Para esse período, está prevista a implantação de 848 km de redes coletoras e ampliação de coletor tronco e interceptores para evitar que esgotos desaguem em áreas de proteção, a exemplo dos rios. Em 30 anos, a empresa deve investir R$ 1,7 bilhão em Teresina.

“A ampliação da rede de esgoto tem forte correlação com a redução da taxa de internação por doenças diarreicas, o que impacta positivamente na assiduidade de crianças na escola - já que não mais serão acometidas por essas doenças – e também na produtividade dos trabalhadores, pela mesma razão”, informa a Águas de Teresina, por meio de nota encaminha ao ODIA.

Com relação aos demais municípios do Estado, a Agespisa informa que está executando obras que vão ampliar a cobertura de esgotamento sanitário no Piauí. A empresa está implantando ligações intradomiciliares de esgoto e construindo módulos sanitários em quatro cidades piauienses: Oeiras, Guadalupe, Ilha Grande e Murici dos Portelas. O investimento de R$ 41 milhões é feito com recursos da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Cerca de quatro mil ligações intradomiciliares e mil módulos sanitá- rios vão favorecer moradores de baixa renda destas cidades. Em Oeiras e Ilha Grande, as obras já estão 70% executadas; em Guadalupe, 90%, e Murici dos Portelas, 20%. A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos no início de 2018.

Em Amarante, a empresa já executou 95% da obra de implantação do sistema de esgotamento sanitário. O investimento é de R$ 16 milhões, com recursos da Codevasf e vai beneiciar diretamente cerca de 12 mil pessoas. A obra inclui a implantação de 43 quilômetros de rede coletora de esgoto e 2.383 ligações domiciliares. A cidade contará com uma estação de tratamento de esgoto com capacidade para tratar 18,43 litros por segundo. Com a conclusão dos serviços, 70% da cidade de Amarante contará com cobertura de esgotamento sanitário. A previsão é de que, em janeiro de 2018, todo o sistema esteja finalizado.

Atualmente, as cidades atendidas pela Agespisa com esgotamento sanitário são Água Branca (25,73%), Altos (7,67%), Corrente (19,90%), Floriano (4,31%), Oeiras (38,10%), Parnaíba (39,84%), Picos (62,16%) e Porto (55,55%). O número de ligações ativas de esgoto é de 37.725.

Por: Letícia Santos - Jornal O Dia
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