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Piauí é o 7º estado com mais chance de adolescentes serem assassinados

Teresina ocupa o 8º lugar como capital com maior risco de homicídios de jovens. Levantamento sobre do Unicef foi divulgado hoje

11/10/2017 14:51

O levantamento sobre o Índice de Homicídios de Adolescentes (IHA) divulgado nesta quarta-feira (11) pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) traz um dado preocupante para o Piauí. O estado é o 7º do Brasil onde os jovens têm mais chances de serem assassinados: o índice piauiense é de 5,57 adolescentes mortos para cada grupo de mil habitantes.

Com este número, o estado fica à frente de Sergipe, cujo IHA é de 5,38 para cada mil habitantes; do Maranhão, com um IHA de 5,01 para mil; Goiás, com um índice de 4,71 por mil habitantes; e até mesmo o Rio de Janeiro, que tem IHA de 4,28 por mil, e São Paulo, com 1,57 adolescente assassinado para cada grupo de mil habitantes.


Jovem assassinado na zona Norte de Teresina (Foto: Jailson Soares/ODIA)

O Piauí fica atrás somente do Ceará (8,71 por mil), Alagoas (8,18 por mil), Espírito Santo (7,79 por mil), Bahia (7,46 por mil), Rio Grande do Norte (7,40 por mil) e Paraíba (6,44 por mil). Os dados do Unicef são baseados no Sistema de Informação Sobre Mortalidade do Ministério da Saúde do ano de 2014.

É o Nordeste a região brasileira onde os jovens têm mais risco de serem assassinados, com um IHA de 6,5 para cada mil habitantes.

O estudo do Unicef concluiu que se as taxas os índices de homicídio de adolescentes persistirem, pelo menos 43 mil jovens serão assassinados no Brasil até 2021 nos municípios com mais de cem mil habitantes.

Teresina

Se em todo o Estado a situação é considerada preocupante, quando se olha para Teresina, o cenário também não é animador. Isto porque, entre as capitais brasileiras, a piauiense ficou em 8º lugar entre aquelas com o Índice de Homicídio de Adolescentes mais altos do Brasil. Teresina possui um IHA de 6,59 assassinatos de jovens para cada grupo de mil habitantes.

A capital do Piauí fica na frente somente de Belém (5,32 por mil), Goiânia (4,76 por mil) e novamente das duas maiores cidades brasileiras: o Rio de Janeiro, que tem IHA de 2,71 por mil, e São Paulo, cujo índice é 2,19 por cada mil pessoas. 

Fortaleza é a capital mais violenta e letal para os adolescentes, segundo o levantamento do Unicef, com IHA de 10,94 por mil. Maceió (9,37 por mil) e Vitória (7,68) vêm a seguir. Já Campo Grande (1,89 por mil), Florianópolis (1,73 por mil) e Boa Vista (1,40) são as capitais onde os adolescentes têm menos risco de serem mortos.

A realidade piauiense e teresinense é apenas o reflexo do aumento da violência em todo o Brasil. O país alcançou a marca de 3,65 adolescentes entre 12 e 18 anos assassinados para cada grupo de mil jovens. O número é o mais alto já registrado desde que o Unicef começou a fazer o levantamento do IHA, em 2005. 

Sexo e raça

O levantamento do Unicef apresenta também dados estratificados da violência, levando em conta aspectos sociais como sexo e raça. Os adolescentes homens têm 13 vezes mais risco de serem vítimas de um homicídio no Brasil do que as adolescentes do sexo feminino. Já no que diz respeito à raça, o adolescente negro tem 2,85 mais chances de ser assassinado que um jovem pardo, amarelo ou branco.

Em 196 municípios com mais de 100 mil habitantes que entraram no estudo, a taxa de homicídio para grupo de negros é maior que a dos brancos/amarelos, em 76 é menor e em seis a taxa é igual.

Para a assistente social Sueny Neves, o que está ocorrendo no Piauí e em todo o Brasil é a fragilização de instituições que antes eram lugar de segurança para crianças e adolescentes, como a família e a escola. “A violência está penetrando em todas as instâncias e isso é preocupante porque nossos jovens se tornam cada vez mais vulneráveis. Soma-se a isso a falta de políticas públicas que foquem na prevenção à criminalidade. Política pública hoje se tornou medida paliativa e isso agrava ainda mais a situação de risco desses adolescentes que são o futuro do nosso país”, avalia.

Contraponto

O Portal O Dia procurou o secretário Fábio Abreu para comentar os índices referentes ao Piauí e a Teresina, mas ele não atendeu as ligações. A reportagem também procurou a assessoria da Secretaria de Segurança Pública, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Por: Maria Clara Estrêla
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