Pessoas desabrigadas, que
foram despejadas ou moravam
em casas que não lhes pertenciam, se juntaram e invadiram
um terreno no Conjunto Residencial Jacinta Andrade, zona
Norte de Teresina. Mais de
400 famílias estão ocupando o
local que antes estava abandonado e esperam uma resposta
da Prefeitura de Teresina para
saber qual será a solução para
o problema.
400 famílias se uniram e agora começam a montar habitações em uma área que não estava habitada no Conjunto Residencial Jacinta Andrade, na zona Norte de Teresina (Fotos: Moura Alves/ Jornal O Dia)
“A gente está aqui para
apoiar. Eu, como representa do bairro Jacinta Andrade,
estou aqui para dar suporte a
elas”, afirma a presidente da
Associação dos Moradores do
Conjunto Residencial Jacinta Andrade, Natália Feitosa.
“Notamos que são pessoas que
necessitam de uma moradia,
pessoas que moram de aluguel
e inclusive pessoas que ocuparam casas no Jacinta irregularmente – que estão deixando
essas casas e estão indo para o
terreno”, explica.
Natália diz que as pessoas
estão cientes de que o terreno não lhes pertence, mas que
por ele estar inutilizado, elas
o ocuparam, e que o objetivo
delas é estar no terreno legalmente. “A gente espera que o
Prefeito olhe para essas famí-
lias, pois são pessoas muito
necessitadas. É uma área de
município? É. É uma área que
foi invadida irregularmente?
Foi. Mas por que isso ocorreu?
Porque aqui só tinha mato, estava servindo como depósito
de objetos furtados – o pessoal que invadiu encontrou até
documento de moto jogado
no chão. A gente vai sustentar
essa ideia de construir moradia porque o povo precisa”,
explica a presidente da Associação de Moradores.
Ela comenta que uma comissão de 12 pessoas – Comissão Assentamento Coqueiro - foi formada para
entrar em contato com as famílias que estão no local. “A
gente foi para uma reunião
com a coordenadora de Habitação do município e ela nos
disse que a Prefeitura está entrando com uma ação de reintegração de posse, que está
prometendo cadastrar o pessoal e vão lotear o terreno”,
fala Natália Feitosa, que também faz parte da Comissão.
Pedro Vitor Costa, membro
da Comissão Coqueiros, explica que ele foi encarregada
pela Prefeitura para repassar as
informações a respeito do terreno e das pessoas que estão
nele. “Quem está fazendo cadastro é a Prefeitura. A gente
está fazendo um levantamento
da quantidade de pessoas que
estão aqui, que já ocuparam os
lotes. Isso é apenas uma forma
de organizar. Iremos a cada
um dos lotes para fazermos
uma espécie de cadastro e enviar para a Prefeitura, para sabermos quantas pessoas estão
aqui e quem são elas. Vamos
pegar o nome, telefone para
contato, RG para que Prefeitura ter uma base de quantas
pessoas realmente precisam de
uma moradia”, explica.
Pedro conta que algumas
das famílias não têm comida
para se alimentar e outras estão sem moradia. “A gente vê
que há muitas pessoas necessitadas. Vimos uma senhora
recentemente, ela estava com
seu filho de 7 anos de idade,
e o menino estava quebrando coco para vender. Ela me
disse que mora em uma casa
de palha na beira do rio e
quando soube da ocupação
veio imediatamente para o
assentamento, porque está
lutando por uma casa”, relatou o membro da Comissão
Coqueiros.
Pedro também mora no
Conjunto Residencial Jacinta
Andrade e fala que ele e sua
mãe Márcia, vivem uma casa
invadida. O rapaz fala que se
comoveu bastante com a situação das pessoas e resolveu
lutar pela causa. “Nós estamos
aqui para representar o povo e
vamos lutar até o fim. Todos
nós estamos na mesma situa-
ção em que as pessoas do assentamento estão”.
Edição: Biá BoakariPor: Ioná Nunes - Jornal O DIA