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Acusado de matar a travesti Makelly Castro é absolvido pelo Tribunal do Júri

Crime ocorrido em julho de 2014 será julgado hoje. Makelly Castro foi morta por sufocamento, e o corpo encontrado quatro dias depois.

05/10/2017 09:29

Atualizada às 20h16

Após horas de julgamento, o professor Luís Augusto Antunes, acusado de matar a travesti Makelly Castro em julho de 2014, foi absolvido pelo Tribunal do Júri. Apesar de reconhecer que o acusado foi o autor do crime, o conselho de sentença optou pela absolvição do réu. O professor foi absolvido da prática de homicídio qualificado por 4 votos contra 3. A acusação pretende recorrer da decisão.


Em seu depoimento no Tribunal do Júri, o professor Luís Augusto Antunes negou que tenha matado Makelly Castro. Ele argumentou que a dona do veículo que ele teria usado, um Pálio vermelho, omitiu algumas informações. "Ela disse que estava viajando e que eu tinha acesso ao carro, mas a viagem foi um dia depois do crime. Ela falou que foi um dia antes, mas não foi. Eu a deixei no aeroporto com a filha", defende-se. A proprietária do carro supostamente usado pertencia à professora da Graça Ciríaco, que morreu em maio vítima de uma diverticulite.


Julgamento de acusado de Makelly Castro acontece no Tribunal do Júri (Foto: Andrê Nascimento/ODIA)

O advogado do réu, Gilberto Alves, chegou a perguntar ao réu se ele aceitaria que o julgamento fosse suspenso para que as empresas aéreas e rodoviárias fossem consultadas sobre a viagem da professora Graça Ciríaco. Em outro momento, pediu que Luís Augusto tirasse a camisa. O objetivo era mostrar aos jurados a ausência de uma tatuagem de dragão nas costelas. Algumas testemunhas relataram ter visto um homem negro, alto, forte e tatuado na região onde Makelly fazia programa.

A defesa alega, ainda, que o professor não foi reconhecido por nenhuma das testemunhas, no dia do alto de reconhecimento, feito na Delegacia de Homicídios.

O julgamento foi suspenso ao meio dia para o horário de almoço.

A juíza Maria Zilnar é quem preside a sessão. 

Atualização 12h23

A sessão foi retomada por volta das 11h30min, com o depoimento do professor Luís Augusto Antunes. A tese da acusação é de que o réu tem um ódio interno por não assumir a homossexualidade. Segundo o promotor Ubiraci Rocha, existem provas suficientes para a condenação. “Pessoas envolvidas com esse tipo de crime têm características de homoafetividade não assumida. Com isso, criam um ódio. A ação contra a Makelly é igual à que é praticada contra outras vítimas. Aparece sempre um padrão de comportamento”, sustenta o promotor


Morte de travesti gerou comoção e protestos contra violência (Foto: Portal O Dia)

O promotor afirma que a falta de testemunhas oculares do crime não impede a acusação. “Quando se faz a harmonia dos fatos, tudo leva a ele”, afirma Cabral.

A militante Maria Laura do Reis também defende a condenação. “É uma forma de coibir novos casos. Depois da morte da Makelly, muitos mecanismos de proteção foram criados, como o Comitê Contra LGBTfobia e o Grupo de Trabalho de Segurança Pública para LGBTs”, afirma.

Atualizada às 11h37

O julgamento do professor Luís Augusto Antunes, suspeito de matar Makelly Castro, foi suspenso até que uma das testemunhas, a Dandara, seja levada coercitivamente ao Tribunal do Júri. De acordo com a coordenadora do Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis (Gptrans), Maria Laura dos Reis, Dandara está com problemas de saúde, após sofrer um AVC.

O último depoimento foi dado por Bárbara, vítima de agressão dois meses antes do assassinato de Makelly. A travesti só conseguiu sobreviver porque fingiu que estava morta.

Atualizada às 11h

Acontece na manhã de hoje (5) o julgamento no Tribunal do Júri do caso do assassinato da travesti Makelly Castro, ocorrido em julho de 2014. Ela foi morta por sufocamento e seu corpo foi encontrado no dia 18 de julho, após passar quatro dias desaparecida.

O professor Luís Augusto Antunes, na época com 31 anos, foi preso sob suspeita de ser o autor do crime. Ele também é suspeito de tentar assassinar uma outra travesti, a Bárbara, dois meses antes da morte de Makelly. Luís Augusto foi preso em casa, próximo ao Aeroporto de Teresina.

O corpo de Makelly Castro foi encontrado próximo à sede de uma empresa de call center no bairro Saci, na zona Sul de Teresina, em 18 de julho de 2014. A vítima havia acabado de completar 24 anos e estava desaparecida há quatro dias. O laudo cadavérico apontou a causa da morte como asfixia mecânica. 


Relembre o caso:

Travesti assassinada estava desaparecida há quatro dias 

Piauí já teve oito mortes com motivação homofóbica este ano 

15 travestis já foram assassinadas em todo o Piauí entre 2013 e 2014 

Laudo confirma morte de Makelly Castro por asfixia mecânica 

Defesa de professor preso quer a exumação do corpo de Makelly Castro 

Professor acusado de assassinar Makelly Castro vai a júri popular 


Na época do crime, o delegado geral James Guerra informou que a falta de sinais aparentes de estrangulamento indicava que o assassino matou tapando a boca e nariz de Makelly, sufocando-a até a morte. “A gente também deduz que ela não foi morta no local onde o corpo estava. Tudo indica que foi levada para lá sem vida”, disse James Guerra. 

O caso gerou muita revolta na comunidade LGBTQ de todo o Piauí, que classifica o episódio como mais um crime motivado pela homofobia. Movimentos fizeram protestos pedindo por justiça, sob o grito de “Somos todos Makelly”, e exigindo a condenação do professor.

O julgamento acontece hoje, a partir das 8h da manhã, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Tribunal de Justiça.

Por: Andrê Nascimento e Nathalia Amaral
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