Assaltos dentro dos ônibus
coletivos são muito frequentes. De acordo com as notificações do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de
Transportes Rodoviários no
Estado do Piauí (Sintetro), a
cada três dias, um ônibus é assaltado em Teresina. Só nessa
primeira quinzena de agosto,
quatro ônibus foram assaltados. Todos eles nas zonas
Norte e Sul, identificadas pela
Polícia Militar (PM) como as
regiões que mais têm assaltos dentro dos coletivos. Só na
zona Sul desde janeiro 19 assaltos já foram registrados.
Além dos passageiros, os próprios motoristas e cobradores trabalham em clima de apreensão (Foto: Elias Fontenele/ O Dia)
O presidente da Sintetro,
Fernando Soares, cobra medidas já prometidas pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de
Teresina (Setut), como o botão
do pânico, e afirma que tem
percebido o apoio da Polícia
Militar, mas que as blitzen
diárias feitas por eles não são
suficientes para inibir os infratores do assalto.
Além dos passageiros não se
sentirem seguros dentro dos
transportes públicos, o presidente do sindicato destaca
que os próprios motoristas
e cobradores trabalham diariamente apreensivos e com
medo de possíveis eventualidades. Ele conta que já teve
casos de demissões decorrentes do problema.
“No ano passado tinha um
motorista que trabalhava na
região da Zona Norte e desenvolveu a síndrome do pânico,
ele passou por tratamento
ficou sem condições de trabalhar e fez um acordo com a
empresa para se demitir, porque não estava mais em condições de continuar, se ele visse
alguém dentro do ônibus que
poderia ser um possível assaltante ele entrava em pânico,
não conseguia trabalhar à noite e tudo isso porque dentro
de uma semana ele foi assaltado três vezes”, conta Fernando.
Edmar Alves é motorista de
ônibus há 21 anos e atualmente circula pela região Sul. Ele
conta que já teve seu ônibus
assaltado três vezes e afirma
que é muito constrangedor
trabalhar sendo vulnerável a
roubos diariamente.
“A gente fica arrasado, receosos, porque as vezes tem medo
até de fazer uma parada, por
conta da situação, dependendo da pessoa pensamos que é
assaltante, não sabemos mais
definir. Tive sorte de nunca
me roubarem, nem me baterem ou algo do tipo, mas conheço colegas que já tiveram
arama colocada na cabeça, na
boca e até tapa eles levaram”, lamenta o motorista.
Segundo o presidente, os
motoristas e cobradores já não
andam com pertences valiosos
nos ônibus e muitos pedem
para trocar o horário noturno
pelo matutino. Fernando ressalta que já foi registrado até uma
queda no número de passageiros durante o horário da noite.
“Vem caindo o número de
passageiros nos coletivos depois das 19h, justamente por
medo de assalto. Muitos preferem ir para casa de taxi, moto-taxi, Uber, carona, porque
se sentem mais seguros. Com
esses assaltos, perdem os trabalhadores que ficam com trauma,
perdem os usuários, que ficam
com medo, e perdem as empresas que tem uma redução
na quantidade de passageiros”,
enfatiza.
Edição: Biá BoakariPor: Karoll Olivera