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Adolescente que agrediu professora presta depoimento na Delegacia do Menor

Conselheiro tutelar afirma que o episódio tem duas vítimas - a diretora agredida e a própria adolescente, que sofre por conta da "omissão do Estado".

12/12/2017 10:52

Acontece na manhã desta terça-feira (12), na Delegacia do Menor Infrator, a primeira oitiva com a adolescente de 16 anos que agrediu a diretora da Unidade Escolar Firmina Sobreira, no bairro Poty Velho, no dia 6 de dezembro. Participam da audiência os pais da menina e três representantes do Conselho Tutelar da zona norte.

A diretora já havia registrado um boletim de ocorrência logo após a agressão, e nesta segunda-feira ela compareceu à delegacia especializada para prestar depoimento à delegada Adília Klein.

Unidade Escolar Firmina Sobrinho (Foto: Google Maps)

O conselheiro tutelar Antônio Oliveira afirmou que há duas vítimas na história, e não apenas uma, como está sendo divulgado. "Embora ela tenha agredido a diretora, a adolescente também foi vítima da omissão do Estado e da própria escola, com relação ao tratamento dispensado a ela", afirmou.

O conselheiro revelou que a garota já tinha antecedentes de mal comportamento, mas não especificou o que ela teria feito, e disse que, diante desse fato, a escola já deveria ter tomado providências no sentido de dar o apoio psicológico à adolescente.

Para o conselheiro, o episódio retrata a fragilidade do sistema público de ensino do estado. Ele cita também as expressões usadas pela diretora no momento em que era agredida pela adolescente, o que, segundo ele, demonstra uma falta de preparo dos profissionais que atuam na educação pública.

"Há um despreparo muito grande para lidar com isso na educação pública. No vídeo que foi feito a gente ouve a diretora se referindo à aluna como 'louca' e outras palavras ofensivas, ou seja, chegou-se ao limite de uma relação que já tinha sido mal construída", relata o conselheiro.

Antônio Oliveira informou ainda que, após o episódio, a adolescente se automutilou, tendo marcas de cortes nos pulsos. Além disso, ela seria vítima de bullying praticado pelos colegas.

Os vídeos que mostram o momento da agressão foram anexados ao processo que apura o ato infracional.


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Durante a tomada de depoimento, a garota atribuiu seu ato violento às perseguições que sofria. E disse que entendeu a advertência da diretora como uma provocação. 

O conselheiro tutelar Antônio Oliveira (Foto: Moura Alves / O DIA)

De acordo com o conselheiro Antônio Oliveira, o caso se trata de "uma tragédia anunciada", uma vez que a escola tinha pleno conhecimento da situação da adolescente e se omitiu diante dos sinais que ela dava de que não conseguia se encaixar naquele ambiente.

"A situação é tão delicada que a menina não teve coragem sequer de falar na frente dos pais. Ela pediu para que ficassem só ela, a delegada e o Conselho. E relatou que sempre teve problemas para conviver com as outras pessoas da escola", acrescenta o conselheiro tutelar.

A Secretaria Estadual de Educação não encaminhou representantes para a oitiva, mas garantiu que a jovem terá vaga em qualquer outra unidade de ensino público no próximo ano. 

A garota fará ainda este mês, na sede da 4ª Gerência Regional Educação, uma prova final para concluir o ano letivo.



Por: Cícero Portela e Maria Clara Estrêla
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