O mês de março se aproxima do fim e registra um recorde: com o assassinato do sargento Carlos Alberto Inácio, do BPM de Altos, já são três policiais militares assassinados. Todos os três casos ocorreram durante assaltos, e quando os policiais estavam fora de serviço.

O número de casos assusta em comparação ao ano passado: Nos doze meses de 2016, 9 policiais foram mortos, 7 deles quando os militares não estavam de serviço. Assim, o número de mortes de PMs ocorridas apenas em março de 2017 corresponde a um quarto das mortes ocorridas desde 2016. Considerando apenas os casos envolvendo policiais fora de serviço, as mortes desde mês somam quase metade dos assassinatos em todo ano de 2016. Ao todo 11 policiais militares morreram no Piauí no ano de 2016. Além dos 9 PMs assassinados, outros dois cometeram suicídio.

Entretanto, para a Polícia Militar, os casos não têm relação entre si. Dos PMs mortos em 2017, dois deles foram vítimas de latrocínio, e um foi morto quando tentou intervir em um assalto.

“Não podemos dar para a coisa a dimensão que não tem”, comentou o coronel John Feitosa, porta-voz da Polícia Militar. “Este foi o terceiro episódio que envolve militares nossos, e vitimados. Mas não podemos afirmar que existe uma organização para atingir policias militares, por que isso eu não posso comprovar. Não tem nada evidenciado que a ação foi voltada para assaltar um militar”, declarou o coronel.

Casos

No primeiro caso, ocorrido no dia 7 de março, o cabo da PM Valdir Vale (foto ao lado) foi baleado com dois tiros no peito após tentar intervir em um assalto, na avenida Jockey Club, zona Leste de Teresina. O policial presenciou o momento quando uma dupla de assaltantes abordou um carro, onde um funcionário de uma clínica ortopédica trazia um envelope contendo cerca de R$ 9 mil. Valdir trocou tiros com os assaltantes, e chegou a acertar um tiro na perna de um deles, mas não resistiu aos ferimentos.

No último dia 21, o major Mayron Moura Soares foi assassinado em um assalto, em uma parada de ônibus na zona Sudeste. O major era comandante do 1º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento do centro da capital. Ele esperava a filha quando foi abordado por uma dupla em uma motocicleta. O acusado de ter baleado o major disse, após ser preso, que atirou quando viu a arma do policial.

O caso mais recente ocorreu na noite de ontem (28), na estrada que liga as cidades de Altos e Coivaras. O sargento reformado Carlos Alberto Inácio, que trabalhava no Batalhão de Altos, foi morto após ser atropelado por uma motocicleta. A morte foi entendida como um latrocínio, já que a arma de fogo que o policial carregava foi subtraída do corpo. Três homens, que pilotavam duas motocicletas, foram presos no mesmo dia.

Execuções

As mortes de policiais acompanham o número de execuções de pessoas suspeitas de assalto e de presidiários nos últimos meses. Foram dois homens baleados enquanto praticavam assaltos, e um assassinado por motoqueiros não identificados, pelas ruas de Teresina, além de duas execuções dentro das cadeias do Piauí.

O primeiro caso, ocorrido na noite do dia 23, o homem identifica como Michael Jackson foi abordado por dois homens em uma motocicleta e baleado no peito. Michael caminhava ao lado da mãe na avenida Nicanor Barreto, no bairro Vale Quem Tem, e morreu na hora. A dupla não foi identificada.

No último dia 24, um acusado de assalto foi baleado de raspão no braço, após trocar tiros com policiais militares, no bairro Monte Castelo. De acordo com a PM, o rapaz vinha praticando assaltos na região, e foi preso. Além dele, dois menores foram apreendidos.  

E ontem (28), um homem identificado como Kleiton Francisco Castro, de 20 anos, foi morto após supostamente assaltar uma mulher, no centro de Teresina. O autor dos disparos foi um motoqueiro não identificado.

Nas penitenciárias, dois homens foram assassinados. O primeiro, ocorrido no dia 7 de março, Reinaldo Lopes Moura, foi encontrado pendurado na grade de uma cela, na Penitenciária de Picos. O corpo apresentava sinais de espancamento. Contra ele pesavam acusações de extorsão seguida de violência doméstica.

O caos mais recente ocorreu no último domingo (26): Lenilson Pereira da Silva (foto ao lado), de 27 anos, foi teve o pescoço quebrado e o corpo jogado em um tambor de lixo, na Casa de Custódia, em Teresina. O corpo de Lenilson trazia marcas de agressão, mostrando que ele teria lutado pela vida. 

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento