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Penitenciária Vereda Grande tem motim controlado por agentes

Segundo um servidor, três pavilhões da unidade penal foram destruídos pelos presos rebelados.

21/09/2017 12:41

A Penitenciária Gonçalo de Castro Lima (Vereda Grande), em Floriano, teve um motim na manhã desta quinta-feira (21). Segundo agentes penitenciários que atuam no local, os presos deixaram um rastro de destruição nos pavilhões A, B e C.

Os servidores chegaram a ser atacados pelos presos, conforme informou um dos trabalhadores. "Quebraram tudo nos pavilhões A, B e C. Começaram a jogar pedras nos agentes e a quebrar as celas", informou um dos agentes que estava na unidade no momento em que o motim teve início, por volta das 10 horas.

Como armas, os detentos usaram vergalhões e outros materiais retirados da estrutura do próprio presídio, conforme informou o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi).

"Vieram armados com muito ferro e muita pedra para cima dos agentes, mas nossa resposta foi rápida. Foram deslocados muitos PMs pra cá, a Força Tática e os agentes que estavam de folga", acrescentou.

Para conter os presos rebelados, os agentes e policiais militares dispararam balas de borracha. Por volta do meio-dia, boa parte do motim já havia sido controlado, mas cerca de 30 presos continuavam depredando as celas e gritando.

O diretor jurídico do Sinpoljuspi, Vilobaldo Carvalho, aproveitou a oportunidade para fazer duras críticas à forma como o governador Wellington Dias (PT) tem tratado o sistema prisional e os servidores que nele atuam. 


O dirigente sindical também questionou se a viagem que Wellington fez no último mês de julho ao Canadá ocorreu, de fato, para que ele conhecesse o sistema carcerário do país, conforme informou a Coordenadoria de Comunicação do estado.

"O governador demonstra que só conhece o sistema prisional do Canadá, se é que ele foi lá realmente para conhecer o sistema prisional. Porque o do Piauí ele não conhece. Ele não conhece a nossa realidade, e não está tratando com qualquer categoria. Ele está tratando com a categoria que tem a profissão mais estressante do mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho, e que, além disso, tem a situação agravada por conta de uma sobrecarga insuportável de trabalho, o que é culpa do próprio governador, que está aí há mais de dez anos e nunca resolveu os problemas do sistema", afirmou Vilobaldo.

O diretor também exigiu mais respeito de Wellington aos agentes. "Que o governador respeite os agentes penitenciários do Piauí, como homens e mulheres que carregam sobre seus ombros um sistema prisional com sobrecarga de trabalho insuportável. Se ele ficasse pelo menos três horas na Casa de Custódia, por exemplo, eu tenho certeza de que ele pediria pra correr. Nós não estamos aqui brincando de trabalhar. Nós estamos é lutando por sobrevivência, porque eu vejo nosso risco constante de não voltar pra casa", acrescentou Vilobaldo Carvalho.

Segundo o Sinpoljuspi, todos os servidores continuam comparecendo aos seus locais de trabalho normalmente, mesmo durante a greve, que foi deflagrada no dia 11 de agosto. 

O sindicato ressalta, porém, que os trabalhadores estão atuando dentro dos limites impostos pela própria legislação, e os problemas só estão surgindo porque o sistema é superlotado e sofre com uma escassez extrema de servidores.

"Não existe essa de o agente penitenciário estar em greve e não comparecer ao seu respectivo plantão para fazer as atividades que são inerentes às suas atribuições. Se o Governo é irresponsável e impõe a essa categoria um gigantesco risco às suas próprias vidas, nós não somos irresponsáveis. Todos os agentes, desde o início da greve, estão seguindo rigorosamente as escalas de trabalho. Agora, nós estamos fazendo nossas atribuições dentro das nossas limitações", salientou Vilobaldo.

No início da tarde, a Secretaria de Justiça divulgou uma nota informando que o motim na Penitenciária de Vereda Grande foi controlado por volta das 13 horas.

A secretaria culpou o comando de greve pela revolta dos presos, e anunciou que vai continuar acionando a Justiça para que o movimento paredista seja encerrado.

O secretário Daniel Oliveira afirma, ainda, que a pasta vai cobrar dos agentes penitenciários tudo o que será gasto na recuperação dos pavilhões depredados na Penitenciária de Vereda Grande.

Confira a íntegra da nota divulgada pela Sejus:

A Secretaria de Justiça do Piauí, com apoio das forças de segurança pública do Estado, controlou, às 13h desta quinta-feira (21), um motim que aconteceu na Penitenciária Regional de Floriano, conhecida como Vereda Grande.

O secretário de Justiça, Daniel Oliveira, afirma que a motivação dos presos para se amotinarem foi o não cumprimento, por parte do "comando de greve", da determinação do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) para que os servidores retornem às atividades.

“Vamos comunicar, na Justiça, por meio da Procuradoria Geral do Estado, o fato de o tal 'comando de greve' não estar cumprindo com a determinação judicial de permitir que as visitas entrem com sacolas nos presídios e vamos cobrar para que arquem com o gasto que teremos que fazer na recuperação da unidade", afirma o gestor.

Oliveira reforça que, “lamentavelmente, o comando de greve já está há 10 dias prejudicando muitas ações no sistema prisional, além de não cumprir na integralidade a determinação do TJ, ao boicotar a entrada de familiares com sacolas ou alimentos e pertences para os presos".

Controlado o motim, os presos dos três pavilhões da unidade penal – que tem 380 detentos – foram colocados na área de contenção. Os danos nos três pavilhões da unidade foram de média proporção, de acordo com a Secretaria de Justiça.

Após estabilizar a situação, a Secretaria de Justiça já determinou o levantamento financeiro dos danos e prejuízos causados pelo setor de Engenharia.

Por: Cícero Portela
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