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Polícia investiga ordem de dentro do presídio para incendiar ônibus

Três ônibus foram incendiados durante a noite, nas zonas Leste e Sudeste, no intervalo de 3 horas. Incêndios ocorrem 24h após motim em presídio.

22/08/2017 11:00

Ônibus incendiado na Curva São Paulo, no bairro Dirceu (Foto: Reprodução/ Whatsapp)

Três incêndios a ônibus ocorreram na noite de ontem (21), em Teresina. Os casos aconteceram com cerca de uma hora de diferença um do outro. Todos os ônibus eram veículos fretados para turismo, e seus donos os deixavam na rua, fora de uma garagem.  

Dois desses veículos foram queimados na zona Leste e outro na zona Sudeste da capital. Ainda não é possível afirmar com certeza que os incêndios foram criminosos, mas as semelhanças entre os casos levantam graves suspeitas. 

Os incêndios ocorrem 24h após o início de um motim na Casa de Custódia, o maior presídio do Piauí, mas não de surpresa: segundo o Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí), enquanto os policiais tentavam controlar os presos, a Polícia Militar recebeu a informações de que veículos seriam incendiados na zona Leste de Teresina, ainda naquela mesma noite, mas a denúncia se revelou um alarme falso. A ameaça só veio se concretizar na noite de ontem.


Para Kleiton Holanda, diretor do Sinpoljuspi, a ordem pode ter partido dos próprios presos. “É um comportamento de facção criminosa, coordenado e ordenado de dentro do presídio”, disse o sindicalista. “Alertamos o Governo do Estado para que fizesse algo antes, mas agora já aconteceu”.

Jefferson Dias, também membro do Sinpoljuspi, disse acreditar que criminosos do Piauí estariam imitando as ações de facções de outros estados. “Está acontecendo a mesma onda no Rio Grande do Norte, em Fortaleza (CE), no Maranhão. É como uma moda”. Jefferson lembra que, segundo a Polícia Federal, o Piauí está no mapa da violência do PCC (Primeiro Comando da Capital), maior facção criminosa do país.

Durante o motim ocorrido ontem na Casa de Custódia, a Polícia recebeu ainda dois alarmes falsos de que haveriam rebeliões nas penitenciárias Irmão Guido e Major César. Para Jefferson, as denúncias partiram também dos presos, com intuito de ocupar equipes da PM com ocorrências falsas para facilitar a verdadeira rebelião. “E a rebelião de ontem falhou. Sabemos agora que a intenção deles era realizar uma fuga em massa”, disse Jefferson.


Saiba mais:

Três ônibus são incendiados durante a noite em Teresina 

Motim na Casa de Custódia era planejado desde semana passada 


A Polícia Civil investiga os casos. O secretário de segurança Fábio Abreu disse que em casos de incêndio as hipóteses são muitas, e que os distritos policiais de cada área estão avaliando. “Não vamos descartar, mas ainda é muito cedo para estar associando a essa questão. Estamos acompanhando”, disse o secretário.

Mochila dentro do ônibus 

No bairro Planalto Uruguai, os moradores se assustaram com o ônibus em chamas, por volta das 22h. As pessoas se uniram e conseguiram apagar as incêndio, e o veículo ficou parcialmente destruído. Do lado de dentro do ônibus, eles encontraram uma garrafa de plástico com forte cheiro de gasolina, dentro de uma mochila.

“Eu estava na moto indo para casa com meu marido, e vimos o fogo de longe. Paramos para tentar ajudar. Liguei para os bombeiros, mas não tinha como esperar. Antes deles chegarem, conseguimos conter o fogo. A proprietária do ônibus estava lá, aperreada”, contou Kamila Saraiva, uma das moradoras que estava no local.

“Disseram que é por causa da rebelião”, diz proprietario

O ônibus do motorista Marlon Medeiros, foi incendiado na Curva São Paulo, no bairro Dirceu, zona Sudeste de Teresina. Ele conta que os vizinhos lhe disseram que dois homens numa motocicleta haviam dado início ás chamas. “Segundo me disseram que é por causa da rebelião da penitenciária, que veio ordem de lá. Mas eu não posso afirmar, por que não sei. Não queimaram só o meu não”.

O motorista de ônibus estava em casa quando foi chamado por vizinhos. “Quando cheguei já estava incendiada a cabine todinha. Acabou, não presta mais não. Minha fonte de renda era essa”, relata Marlon Medeiros.

Edição: Karliete Nunes
Por: Andrê Nascimento, com informações de Geici Mello e Moura Alves
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