(Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil)
Para Silas Freire, o presidente da Câmara Rodrigo Maia não coloca em pauta os projetos dos deputados (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
Para Assis Carvalho, o Congresso Nacional produziu apenas para 'beneficiar quem já é beneficiado'
O deputado federal Assis Carvalho (PT) criticou a atuação do parlamento brasileiro no primeiro semestre do ano. O parlamentar afirmou que além de produzir pouco, o que foi feito foi para beneficiar as elites do país, que já são beneficiadas naturalmente. O deputado avalia também que em geral, o perfil dos deputados eleitos em 2014 é muito ruim.
“Foi um semestre sem produção. E o que foi produzido prejudicou a população. A pauta dos últimos meses reúne propostas de interesse do governo para beneficiar quem de fato, já é beneficiado. Ela atende interesse de empresá- rios, do setor do agronegócio, e a perspectiva para o segundo semestre, é ruim também” diz o deputado.
Deputado petista criticou condução dos trabalhos no parlamento (Foto: Jaílson Soares/ O Dia)
Assis Carvalho (PT) lembra que a pauta de propostas ruins iniciou ano passado, com a proposta do governo em aprovar a PEC do Teto dos Gastos. “O congelamento dos investimentos puxou uma série de propostas maléficas para a população. Até agora o povo não foi contemplado pela pauta, porque a pauta do governo é a do Romero Jucá, do Eliseu Padilha, de um gabinete denunciado pela corrupção” pontua.
O petista conclui que as denúncias com o presidente, já no mês de maio, ajudaram a paralisar as atividades do Congresso porque obrigou o governo a se defender das acusações
A agenda impopular que protagonizou as discussões da Câmara Federal no primeiro semestre deste ano reflete a crise política que intensificou-se em 2015, e é consequência da aliança de partidos mais ligados a políticas liberais e que apoiam o governo Temer. A avaliação é do cientista político Francisco Farias, da Universidade Federal do Piauí. Ele explica que as pautas unem o interesse dos partidos que integram a coalizão de apoio ao governo de Michel Temer (PMDB) e possuem simpatias com o setor industrial, produtivo e financeiro.
Francisco Farias cita, por exemplo, a reforma trabalhista, essencial para que empresários diminuam custos com a folha de pagamento e defendida entre partidos como o DEM, PSDB, parte do PMDB, que compõem a base do governo. “Naquela disputa entre Legislativo e Executivo, naquela briga entre Eduardo Cunha e Dilma Rousseff, a coalizão oposicionista venceu. Com o impeachment de Dilma, Temer chegou ao poder, mas sua base era heterogênea e ele foi buscar apoio de partidos que apoiam as reformas”, explica o professor.
Francisco Farias diz ainda que para o governo ter apoio, acabou tendo que se aliar a partidos que, próximos dos segmentos empresariais, pressionaram para a aprovação da reforma trabalhista, reforma da Previdência, entre outras pautas. “Esses partidos apoiam o governo e em troca, o governo defende a pauta das reformas”, explica.
Para o professor, as medidas que vinham sendo tomadas pelo governo Dilma (PT), defendendo mais intervenção do estado na economia, acabou afastando muitos partidos e aproximando eles de oposicionistas.