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Cunha confirma que marcou reunião entre Funaro e Moreira Franco

No início do interrogatório, Cunha adiantou que vai rebater cada ponto da delação de Funaro, fechada em setembro com a PGR.

06/11/2017 10:33

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que presta depoimento à Justiça Federal em Brasília nesta segunda (6), disse que marcou uma audiência em 2010 entre o operador Lúcio Funaro e o ministro Moreira Franco, à época vice-presidente da Caixa, mas que, diferentemente do que Funaro delatou, ele não recebeu propina por essa intermediação.

Cunha também disse que Funaro não esteve com o presidente Michel Temer nas três ocasiões que o operador mencionou em seus depoimentos - num culto evangélico, num comício em Uberaba (MG) e na base aérea de São Paulo.

Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara (Foto: Lula Marques / Arquivo)

No início do interrogatório, Cunha adiantou que vai rebater cada ponto da delação de Funaro, fechada em setembro com a PGR (Procuradoria-Geral da República), e que não responderá às perguntas da defesa do delator.

Em sua delação, Funaro disse que teve uma reunião com Moreira Franco na Caixa, intermediada por Cunha, para tratar de assuntos de interesse do grupo Bertin.

"Se Moreira Franco recebeu [propina], e se tratando do Moreira Franco até não duvido, não foi através das minhas mãos", disse Cunha ao juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal, onde o ex-deputado é réu em uma ação penal sobre desvios no fundo de investimentos do FGTS, administrado pela Caixa.

Cunha disse que não participou da reunião entre Funaro e Moreira Franco e não sabe o que foi conversado. Confirmou também que recebeu doações oficiais do grupo Bertin na campanha de 2010, mas que elas não tinham relação com negócios na Caixa ou com o agendamento da reunião.

"Marcar uma audiência não significa que sou partícipe do fato", disse Cunha.

Sobre as três ocasiões que Funaro relatou ter estado com Temer -à época vice-presidente-, Cunha disse que o delator mente.

"Não há possibilidade de ele [Funaro] ter cumprimentado [Temer]. Na minha frente, nunca cumprimentou Michel Temer, nem isso aconteceu", disse.

Cunha afirmou que a última vez que esteve com Funaro, com quem admitiu fazer operações financeiras desde 2003, foi em 7 de novembro de 2015, quase um mês antes de a Polícia Federal fazer uma busca e apreensão na casa do operador.

Tanto Cunha como Funaro estão presos atualmente na Papuda, em Brasília.

'ENAMORADO'

Cunha se isentou de responsabilidades na nomeação do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterios Fábio Cleto, também réu na ação e delator. Cleto é apontado como apadrinhado de Cunha no banco.

Segundo o ex-deputado, Cleto era um funcionário de menor escalão do banco Itaú e, por isso, era a terceira opção do PMDB para o cargo na Caixa. Cunha atribuiu ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega a nomeação de Cleto.

"O Mantega o entrevistou, se enamorou das qualidades [de Cleto]. Acordamos um dia com o 'Diário Oficial' e ele saiu nomeado", disse Cunha.

Fonte: Folhapress
Por: Fábio Fabrini e Reynaldo Turollo Jr.
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