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Delator da JBS diz que PGR queria destruir o PMDB

Os áudios foram publicados pela revista "Veja". Eles fazem parte do lote de arquivos que os delatores entregaram no fim de agosto e que, na visão de Janot, foi encaminhado acidentalmente

30/09/2017 09:23

Novos áudios resgatados do gravador dos delatores da JBS, publicados nesta sexta (29), mostram o advogado Francisco de Assis e Silva, da JBS, dizendo, em conversa com o empresário Joesley Batista, que notava disposição dos membros da Procuradoria-Geral da República a dar atenção a fatos ligados ao PMDB.

No diálogo captado na gravação, os dois especulam se o então procurador-geral da República Rodrigo Janot aceitaria ou não o acordo de delação premiada da empresa. "Nós temos um risco. O risco é um: o comprometimento político de Janot com Temer", diz Assis e Silva. "Acho que não existe... Pra mim, Janot quer ser o presidente da República... ou indicar quem vai ser", responde Joesley.

Silva então fala sobre a percepção de que o partido seria um alvo preferencial. "Eles querem foder o PMDB, eles querem acabar com eles", diz o advogado.

Os áudios foram publicados pela revista "Veja". Eles fazem parte do lote de arquivos que os delatores entregaram no fim de agosto e que, na visão de Janot, foi encaminhado acidentalmente.

O Planalto afirmou em nota que as conversas ajudam a provar "cabalmente a grande armação urdida desde 17 de maio contra o presidente". "As acusações caem uma após a outra, revelando a verdade da conspiração que foi construída durante meses."

A nota cita a frase "querem foder o PMDB" e menciona trecho em que o executivo Ricardo Saud fala que seria preciso "construir melhor a história do Temer", já que os procuradores "não gostaram muito" do que ouviram, em alusão à gravação noturna feita por Joesley no Jaburu.

"De forma sórdida e torpe, um grupo de meliantes aliou-se a autoridades federais para atacar a honradez e dignidade pessoal do presidente, instabilizar o governo e tentar paralisar o processo de recuperação da economia do país", diz o Planalto. A PGR nãos e pronunciou.

Outro trecho registra o momento em que Joesley, prestes a fechar o acordo de delação que lhe rendeu imunidade penal, entra no carro entusiasmado com a negociação com os procuradores.

"Agora eu vou para Nova York. Vou amanhecer em Nova York. Eu vou ficar aqui, você tá louca? Soltar uma bomba dessas e ficar aqui fazendo o quê?", diz Joesley.

A advogada Fernanda Tórtima, que está no veículo, concorda que sair do país seria sua melhor opção. "Para eles, é bom que você se empirulite [sic] do Brasil."

Nas gravações, o empresário defende a delação como alternativa para quem está comprometido com a Justiça. Ele diz: "Se você tem um problema e se o problema é, como se diz, batom na cueca... Ô, meu, corre lá e faz a porra dessa delação".

O acordo de colaboração dos empresários foi suspenso pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no início de setembro. Joesley e seu irmão, Wesley Batista, estão presos na carceragem da PF (Polícia Federal) em São Paulo.

'TOMOU UM CHAPÉU'

Um dos áudios que vieram a público nesta sexta mostra uma conversa de Ricardo Saud com o ex-deputado federal João Magalhães (PMDB-MG) sobre dinheiro que deveria ter sido repassado ao político.

Segundo a "Veja", trata-se de propina de R$ 4 milhões que teria sido prometida a Magalhães, ao atual vice-governador de Minas, Antonio Andrade, e a outros integrantes da bancada mineira na Câmara dos Deputados.

Magalhães, porém, acabou não recebendo o repasse, pelo temor de transportar o valor, que teria saído dos cofres da JBS. Hoje deputado em Minas, ele teve medo de ser flagrado pela polícia e se recusou a transitar com "uma mochila cheia de dinheiro". Com isso, Andrade, que teria recebido a propina pelos dois, acabou ficando com o valor total, segundo a gravação.

Saud então afirma ao parlamentar: "Nós resolvemos tudo. Aquilo tá resolvido. Você tomou um chapéu".

Nem Magalhães nem Andrade foram localizados pela reportagem. Em nota, a J&F (controladora da JBS) disse que os áudios divulgados já tinham sido recuperados dos aparelhos entregues há meses por Joesley à Polícia Federal. Segundo a JBS, os arquivos estavam com sigilo decretado pelo STF por se tratar de diálogos entre advogados e clientes.

Fonte: Folhapress
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