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Palocci fere narrativa de perseguição usada por Lula, diz Ciro Gomes

No último dia 6, Palocci afirmou ao juiz Sergio Moro que Lula avalizou o pagamento de R$ 300 milhões em propinas da Odebrecht ao PT.

13/09/2017 10:08

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República, afirmou nesta terça-feira (12) que o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci foi uma "pancada forte", pois fere a narrativa de perseguição que vinha sustentando a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Fere o centro da narrativa de Lula e do PT, de que há um inimigo externo ao PT promovendo, via judicial, uma perseguição injusta contra o presidente", disse Ciro durante congresso da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) em Belo Horizonte.

"Na medida em que um braço direito de Lula faz isso, fica difícil sustentar a narrativa e atribuir a inimigos, agora a narrativa já evolui para que o Palocci estaria mentindo para obter favores da delação."

O ex-ministro Ciro Nogueira (Foto: Elias Fontinele / Arquivo O DIA)

No último dia 6, Palocci afirmou ao juiz Sergio Moro que Lula avalizou o pagamento de R$ 300 milhões em propinas da Odebrecht ao PT entre o final de seu governo (2003-2010) e os primeiros anos do governo Dilma.

Ciro afirmou querer supor que Lula é inocente. "Me dói no meu coração imaginar um homem como o Lula, que prestou serviços tão importantes para o país, ser condenado por ladroagens vulgares", disse.

O ex-ministro, que chefiou a pasta da Integração Nacional durante o governo Lula, disse, porém, que ainda que seja inocente nos casos de corrupção, o petista não pode se afastar da responsabilidade política por ter nomeado acusados de desvios.

"Há uma responsabilidade politica flagrante. Sabe essa montanha de dinheiro no apartamento do [ex-ministro] Geddel Vieira Lima [PMDB]? Esse dinheiro foi roubado do povo brasileiro durante o governo Lula e Dilma [Rousseff], porque ele nomeou Geddel ministro da Integração Nacional. Dilma nomeou Geddel vice-presidente da Caixa Econômica Federal."

Ciro disse ainda que caberá ao povo dizer se Lula ainda tem chances para 2018. "Quando o povo olha para a política, a sensação é de que todo mundo é igual, então cabe distinguir por quem faça alguma coisa por ele, e o Lula de fato fez muita coisa pelo povo brasileiro."

"A exigência moral, para o povo, não distingue mais ninguém, o que é uma tragédia", completou.

República de dedos-duros

A respeito da reviravolta na delação da JBS, Ciro afirmou que a prisão de Joesley Batista corrige "o escárnio do povo de assistir gângsteres passeando em Nova York e gozando de impunidade".

"O que esses bandidos da JBS fizeram não merece a imunidade que foi dada precipitadamente pelo [procurador-geral da República] Rodrigo Janot", disse.

Ciro afirmou ainda que a delação premiada é algo novo na legislação brasileira. "Estamos experimentando isso e transformamos a República brasileira na República do dedo-duro."

Para o pré-candidato, a única saída para a crise está nas eleições 2018 e, até lá, Michel Temer (PMDB) seguirá na Presidência, já que sua saída depende da Câmara "que já se provou corrupta e já se vendeu".

Sobre o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que também é pré-candidato, Ciro disse que o tucano só será eleito "se o povo brasileiro estiver com uma compulsão suicida, porque parte do que estamos pagando deve-se à inexperiência da Dilma".

A respeito de alianças para o PDT nas eleições e em Minas Gerais, Ciro disse que só veta a parceria com o PMDB, "que virou uma quadrilha".

Monstrengo

Ciro comentou ainda a reforma trabalhista, tema central no congresso da CSB iniciado nesta terça, classificando-a de "monstrengo selvagem que devolve o trabalho a um valor de commoditie".

O ex-ministro afirmou que pretende revogar a reforma se for eleito, mas que a legislação trabalhista brasileira deve sim ser modernizada e adaptada às novas relações de trabalho modernas.

Fonte: Folhapress
Por: CAROLINA LINHARES
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