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TCU vai arquivar apuração de suposto tráfico de influência em gabinetes

Apuração foi aberta em 2015, por causa de suspeitas levantadas na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, na Operação Lava Jato.

22/11/2017 09:56

O ministro José Múcio Monteiro vai pedir nesta quarta (22) o arquivamento de investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre suposto tráfico de influência praticado pelo advogado Tiago Cedraz nos gabinetes do pai dele, ministro Aroldo Cedraz, e do atual presidente da corte, Raimundo Carreiro.

A apuração foi aberta em 2015, por causa de suspeitas levantadas na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, na Operação Lava Jato. Ele disse ter feito pagamentos a Tiago para obter informações privilegiadas no TCU e também para conseguir decisão que favorecia a empreiteira em processo sobre as obras da usina de Angra 3. Outros colaboradores reforçaram as acusações.

Tiago, o pai dele e Carreiro sempre negaram envolvimento nos ilícitos apontados.

Múcio é o corregedor do TCU e pautou o julgamento do caso para sessão aberta ao público, às 14h30 desta quarta. Em seu voto, ele pedirá o encerramento da sindicância sobre o assunto "por ausência de provas" de que o advogado tenha atuado de forma ilícita no tribunal. Mas vai ressalvar que a apuração será reaberta se surgir fato novo em investigações conduzidas por outros órgãos.

Tribunal de Contas da União (Foto: Italo Vitiello)

O relator se baseou em documento elaborado pela comissão nomeada pelo TCU para apurar as denúncias. O grupo sustenta não ter encontrado evidências de que Tiago vendia prestígio, com a promessa de manipular decisões da corte.

No âmbito penal, o caso continua em curso. A Polícia Federal, ao concluir investigação a respeito, viu indícios de que Tiago tinha influência sobre os dois ministros e de que os dois integrantes da corte teriam se corrompido e favorecido a empreiteira. A PF, no entanto, teve de rever parte dos levantamentos feitos no inquérito após reconhecer que houve "erro humano" na análise de telefonemas entre os envolvidos.

O inquérito sustentava que foram feitas milhares de ligações de Tiago para terminais atribuídos a Aroldo Cedraz e Carreiro, parte deles em dias importantes da tramitação do processo sobre Angra no TCU, o que demonstraria o acesso do advogado aos ministros.

Contudo, após reclamações das defesas, os investigadores reconheceram, por exemplo, que alguns terminais atribuídos a um ministro eram, na verdade, do gabinete do outro.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) analisará as novas conclusões da PF a respeito dos telefonemas antes de decidir sobre eventual denúncia contra os envolvidos.

Nesta terça (21), Múcio se reuniu com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para avisá-la sobre o arquivamento da investigação do TCU. A Folha apurou que ela não se opôs.

Antes de pautar o julgamento, o corregedor avisou aos demais ministros do TCU a respeito, inclusive Cedraz e Carreiro.

O presidente do tribunal termina seu mandato no mês que vem. Conforme alguns de seus auxiliares, o arquivamento da sindicância ajudaria a minar resistências internas para que ele seja reconduzido ao cargo por mais um ano.

Fonte: Folhapress
Por: Fábio Fabrini
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