Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Divulgar ataques pode desencadear novos crimes, alerta especialista

Estudos revelam que ao ter seu nome na mídia, o criminoso se sente empoderado

12/04/2023 11:14

Estudiosos e a própria imprensa tem alertado sobre a divulgação de imagens, vídeos e outras informações relacionadas a atentados contra escolas e universidades, que podem ajudar e contribuir para novos casos. Segundo a psicopedagoga Andreia Bandeira, noticiar esses crimes podem desencadear novos ataques, uma vez que os criminosos buscam por visibilidade.


Leia tambémEscolas de Teresina intensificam controle de acesso após ameaças de ataque 


“Estudos realizados nos Estados Unidos revelaram que, a cada um ataque à escola, são desencadeados outros três por efeito contágio. Para o criminoso, é como se essa divulgação fosse um troféu, ele se sente empoderado por estar em destaque na mídia. Nos EUA, ano letivo de 2021 e 2022, foi registrado o maior número de tiroteio em escolas. Nos últimos 10 anos, foram registrados 193 incidentes envolvendo armas de fogo, mas grande parte não foi divulgado. Lá é onde tem os maiores registros de ataques e massacres, mas eles realmente não divulgam”, cita.

O efeito contágio consiste na proximidade entre ataques e incidentes que geralmente ocorrem em aglomerados e tendem a ser multiplicados, podendo ser impulsionados devido à cobertura intensa da mídia. Esse fenômeno vem sendo estudado em diferentes universidades nos Estados Unidos.

Pais devem ficar atentos às mudanças de comportamento dos filhos

Ficar muito tempo em frente às telas absorvendo conteúdos violentos pode afetar o comportamento das crianças e adolescentes. As brincadeiras dão lugar à crianças mais reclusas e fechadas. As ações e expressões também se modificam, assim como as falas, que ganham um tom de violência, ainda que muitas vezes veladas.

“A gente percebe que o brincar da criança que tem acesso a esses conteúdos fica diferente. Ele quer brincar de matar, de bater, de externar. As falas são diferentes. Você começa a perceber isso em crianças de quatro anos, e também em adolescentes, que ainda estão em processo de formação, tanto de caráter como do cérebro, que deve terminar de se formar aos 21 anos. Ele passa a viver em uma bolha, onde os amigos vivem nesse universo de extrema violência e acaba sendo mais natural para ele, e vira uma realidade no seu dia a dia”, cita a psicopedagoga Andreia Bandeira.

A especialista lembra que, ao menor sinal de mudança no comportamento dos filhos, os pais devem buscar ajuda profissional. “Cabe aos pais ficarem atentos ao comportamento dessas crianças, desse adolescente. Ao notar isso, deve-se buscar ajuda especializada para não deixar se agravar, pois isso acaba sendo um adoecimento coletivo e a gente tem que ter esse cuidado”, complementa.

Uso de telas por crianças deve ser controlado pelos responsáveis

O Brasil tem sofrido com uma recente onda de ataques a escolas, desencadeando sentimentos de medo e insegurança nas crianças, pais e educação, e destravando um temor que até então não existia, uma vez que o ambiente escolar sempre foi visto como um lugar de acolhimento. Muitos desses ataques foram cometidos por pessoas que propagam discursos de ódio e estão imersas à violência e outros conteúdos consumidos na internet.

E é exatamente por isso que a psicopedagoga Andreia Bandeira chama atenção dos pais para o uso excessivo de telas e da internet por crianças e adolescentes. Ao reduzir o acesso a esses conteúdos violentos, as chances de minimizar esses impactos negativos reduzem.

“Se antes os cuidados com as crianças eram com relação a estranhos nas ruas, hoje, o perigo está dentro de casa, às vezes na palma da nossa mão. Às vezes, a gente diz que nossos filhos estão seguros porque estão sempre dentro de casa, mas ele está fazendo o quê? Conversando com quem? Qual o conteúdo ele está consumindo na internet? São perguntas que temos que nos fazer todos os dias”, alerta.

(Foto: Reprodução/Freepik)

As crianças são nativas digitais e já nascem sabendo mexer em eletrônicos, porém, especialistas alertam que, até os dois anos, os pais devem evitar o uso total de tela pelas crianças, e esse controle deve ser mantido até os 7 anos. A profissional lembra também que acompanhar o que os filhos acessam e recebem pela internet é um aliado na construção e formação da criança e do adolescente.

“A gente sabe que é inevitável não colocar um desenho para elas, mas podemos reduzir esse tempo e controlar o máximo possível. É uma missão difícil, mas precisamos tentar. Sobre WhatsApp, por exemplo, as crianças não têm entendimento para usar, e nós sabemos que muitas pessoas usam isso para fazer o mal, que sequestra, que faz pornografia com criança pequena, então precisamos viver neste mundo sabendo que essas pessoas existem e que precisamos nos prevenir delas”, reforça Andreia Bandeira.

Mais sobre: