Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Jovem divide tempo entre lavar carros e estudos para sustentar filha em Teresina

Sob o sol escaldante, lavadores de carros relatam dificuldades e desafios do trabalho informal em Teresina

19/02/2022 08:06

Todos os dias antes de sair de casa, no bairro Matadouro, na Zona Norte de Teresina, o jovem Delclides Freitas Carvalho, de 24 anos, tem uma missão: proporcionar um futuro melhor para a única filha. Ele deixa a casa antes do amanhecer com destino à Avenida Maranhão, onde trabalha como lavador de carros das 07h às 17h. Segundo ele, chegar bem cedo ou sair mais tarde do trabalho informal nem sempre é a certeza de que conseguirá levar uma boa quantia para família. À noite, a jornada muda para a rotina de estudos.


“Eu chego todos os dias às 07h e só deixo a avenida por volta das 17h. Costumo cobrar R$ 20 na lavagem de carros, mas nem sempre é assim. Temos que ficar sentados ou estendendo os braços no sol na tentativa de alguém estacionar para fazer o serviço. Tem dias que consigo fazer um bom dinheiro e tem dias que não consigo fazer nada”, conta.


LEIA MAIS: Prefeitura não faz manutenção em filtros e água contaminada cai no Rio Parnaíba 

Mesmo após um longo dia de trabalho sob o sol escaldante, o jovem relata que, por não ter concluído o ensino médio, usa o período da noite para estudar. “É o único horário que eu tenho e, mesmo morto de cansado, eu vou. Eu trabalho com a lavagem de carros há seis anos e quero estudar, para conseguir ao melhor. Acredito que vai dar tudo certo”, disse.

Assim como Delclides, dezenas de pessoas vivem da lavagem de carros na Avenida Maranhão, que começa no Centro e termina na Zona Sul da Capital. É o caso de Erivaldo Costa Silva, de 49 anos, que mora em Timon, no Maranhão.


“Eu chego às 06h e só saio às 19h, de domingo a domingo. Eu tiro o sustento da minha família daqui, pois não tenho outra fonte de renda. Minhas duas filhas precisam de mim, do meu trabalho. Então eu enfrento o que for por elas”, relata.

Ele completa: “eu não pago aluguel, mas muitos pais de família que trabalham aqui pagam. No tempo da campanha, muitos políticos fazem muitas promessas. A gente vive aqui pela graça de Deus”.

O presidente da Associação dos Lavadores de Carros da Beira do Rio, Cardoso Oliveira, disse que mais de 200 famílias vivem somente da lavagem de carros na Avenida Maranhão. De acordo com ele, o grupo vai se unir e criar um sindicato para lutar por melhores condições de trabalho.

“Todos nós precisamos de trabalho para sobreviver, de maneira digna, como qualquer outra profissão. Pensando nisso, vamos criar um sindicato para buscar por melhores condições de trabalho. Tem gente que usa alguns produtos de limpeza que causam ferimentos nas mãos e pés além outros problemas de saúde. É uma situação que precisa melhorar”, finaliza.

Os lavadores de carros reivindicam a construção de banheiros públicos e limpeza do lixo e filtros da avenida, que são usados para devolver a água usada por eles purificada para o Rio Parnaíba. A Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas Sul (Saad Sul) informou que vai fazer uma vistoria para traçar medidas a fim de solucionar o problema.

Mais sobre: