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Leitura contribui para construção do indivíduo em sociedade, pontua escritor

Hoje, o Jornal O Dia traz histórias de pessoas que amam ler e que acreditam no poder transformador desse hábito

07/01/2021 10:12

Pode até parecer clichê, mas quem ler viaja. Isso porque a leitura é capaz de transportar o leitor a passados históricos e lugares que talvez nunca tenha conhecido. Além de mobilizar inúmeras habilidades, como conhecimento de mundo, conhecimento de si, interpretação, fala, escrita e criatividade, dentre outros, esse hábito se torna o maior aliado no processo de formação do ser humano. No dia do leitor, comemorado nesta quinta-feira (7), o Jornal O Dia traz histórias de pessoas que amam ler e que acreditam no poder transformador que a leitura pode proporcionar na sociedade.

Foto: Elias Fontenele/ODIA

Foi assim com o professor e escritor de ficção, Marco Cardoso, de 47 anos, que começou a ler aos oito anos de idade. Apaixonado por livros, ele lançou, no mês passado, sua primeira obra chamada “A Penumbra das Trevas”, que traz contos fictícios e aborda temas reais da sociedade, como violência, dependência química e até o suicídio.

Foto: Elias Fontenele/ODIA

“Quando pequeno, eu comecei a ler quadrinhos e depois fui para literatura infanto-juvenil. Foi então que eu comecei a entrar em algumas literaturas mais específicas. Eu também já escrevi poemas, tendo como referência o poeta brasileiro Augusto dos Anjos, além de outros autores estrangeiros. Foi então que eu cheguei nos contos, e várias ideias e narrativas foram surgindo, até mesmo movidas por questões da vida real, do que ia acontecendo no dia a dia de coisas. O meu livro trata de inúmeros assuntos, como a violência, dependência química, suicídio, além de problemas sociais como a fome, baixos salários e desemprego”, conta.

O professor ressalta ainda os benefícios da leitura para a construção do indivíduo em sociedade. “Eu leio sobre tudo. O hábito da leitura permite que o indivíduo possa desenvolver o seu cognitivo. Além disso, a sua forma de se expressar, de interpretar a vida, as pessoas, além de melhorar as suas atividades comunicativas. A leitura é algo essencial para o ser o humano”, ressalta.

“Se eu não leio, eu não sei falar direito”, pondera bibliotecária

O poder transformador da leitura atingiu também Elani Araújo, de 35 anos, que há cinco anos trabalha como bibliotecária em uma escola particular em Teresina. Ela evidencia a importância do dia do leitor para os profissionais que lidam diretamente com a educação no país.

“Essa data é muito importante para os leitores e para profissionais que trabalham com a educação de forma geral. Eu prezo muito pela formação de famílias leitoras. É muito importante que a gente inclua as famílias nesse processo e que elas se sintam nessa data tão importante, que é o dia do leitor, das pessoas que valorizam a leitura”, pontua.

Para ela, a leitura transforma vidas e dá oportunidades a pessoas de baixa renda. “A leitura é importante porque ela modifica a vida das pessoas. Um grande exemplo são as pessoas de classes mais baixas, que estudam em uma escola sem biblioteca e que, por terem acesso aos livros, conseguiram aprovação em uma universidade. Infelizmente, apesar de ter uma lei que dizia que até 2020 todas as escolas do país teriam que ter uma biblioteca com um profissional, isso infelizmente não aconteceu e foi prorrogado para 2024”, lamenta.

Foto: Elias Fontenele/ODIA

A especialista faz ainda uma crítica sobre a situação da leitura no país. Segundo ela, o desinteresse pelos livros tem aumentado ao passar dos anos. “Uma pesquisa da Retratos da Leitura do Brasil apontou que, em cinco anos, o país perdeu cerca de cinco milhões de leitores. Isso é preocupante. A gente percebe que menos da metade da população brasileira é leitora. A leitura média é cerca de quatro livros por ano, sendo que apenas dois são lidos de forma completa. A pesquisa apontou que geralmente isso acontece com estudantes de nível médio e superior. Isso quer dizer que quanto mais as pessoas vão ficando velhas, menos vão lendo”, declara.

Por isso, Elani ressalta o valor da leitura. “Se eu não leio, eu não sei falar direito. Ou seja, eu não tenho vocabulário, eu não consigo ser entendido, já que eu não consigo me expressar direito. A leitura te leva para um universo de muitas palavras e que você consegue absorver até de forma automática. Sem falar da interpretação. São ganhos para vida profissional, pessoal e cidadão”.

Internet é usada para incentivar a leitura

A internet também é um espaço para incentivar a leitura. É o caso da estudante Luana Laís, que mora em São Paulo e que junto com sua amiga Vitória criaram um Instagram chamado “Estante de Universos” para compartilhar e incentivar outros jovens a ler.

“No Estante, a gente tem o intuito de estar compartilhando as nossas leituras e incentivar para outras pessoas. Eu comecei a ler muito pequena, na escola, com auxílio dos meus professores e sempre fui apaixonada. Meus pais também me ajudaram nesse processo, pois também amam os livros”, afirma.

Luana conta que nem sempre os livros eram acessíveis e que lia alguns deles em bibliotecas comunitárias. O seu gênero preferido é o de fantasia. “Hoje em dia, eu tenho mais condições e consigo comprar alguns livros que eu quero. Atualmente, meu gênero preferido é o da fantasia. E para mim, esse gênero consegue se encaixar em todos os âmbitos da vida. A leitura me salva todos os dias, quando eu não sei me expressar em algo e sem ela eu não seria nada”, finaliza.

Por: Jorge Machado e Virgiane Passos
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