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"No 3º ano vamos ter o fim da falta de água para os 800 mil teresinenses"

Diretor da Àguas de Teresina, Ítalo Joffily, comentou os planos da empresa para combater a falta de água e outros temas.

21/08/2017 08:54

O DIA conversou nesta semana com o diretor da Águas de Teresina, Ítalo Joffily. Ele comentou sobre as polemicas que envolvem o processo licitatório da subconcessão vencido pela empresa, explicou que a empresa pretende manter todos os investimentos programados e tratou sobre o plano emergencial da empresa para diminuir a falta de água no B-R-O-BRÓ. Confira a entrevista:

"Faltou da Agespisa uma modelagem de gestão que seja eficiente e que não siga os modelos políticos porque são alternados, a cada 4 anos" (Foto: Jaílson Soares/ O Dia)

O processo de subconcessão foi marcado por várias polemicas, incluindo a relação com os servidores da Agespisa, na sua avaliação, o processo foi transparente? Faltou diálogo com a sociedade e com os servidores? 

O processo de subconcessão é muito longo, ele precede a minha chegada a Teresina. Do meu ponto de vista, desde que cheguei a Teresina, há uns nove meses, tudo ocorreu com transparência. Obviamente existe a opção de cada um dá a sua versão. Acho que muitas vezes nós poderíamos ter comunicado melhor, mas não faltou comunicação. É questão de calibrar a qualidade, mas de forma geral tudo foi comunicado. 

O senhor tem receio de que alguma decisão judicial venha a suspender a atuação da empresa em Teresina? 

Não tenho esse receio. Como executivo do grupo, participei da tomada de decisão de assumir a partir de um certo momento a transição e votei que era o momento da gente iniciar nossas ações. 

Ainda hoje há uma insatisfação por parte de alguns servidores da Agespisa com esse processo. A Águas de Teresina com funcionários? Em termos de servidores, o que está sendo aproveitado e o que vai ser possível aproveitar? 

Quando nós observamos os trabalhadores que prestam serviços de saneamento básico em Teresina, a gente tem três tipos diferentes de profissionais: aqueles que estão ligados a empresas terceiras, os comissionados e os concursados da Agespisa. Os terceirizados e comissionados tivemos um acesso, embora que com dificuldade. Os servidores da Agespisa a gente teve e ainda temos algumas dificuldades. Já fizemos convites a alguns para virem trabalhar conosco e desses, só três estão trabalhando com a gente. Evidentemente a gente tem o interesse em ter os melhores trabalhadores para prestarem os melhores serviços, independentemente de ser terceiro, comissionados ou ser funcionário da Agespisa. 

O senhor esteve com o presidente da Arsete, empresa que regula os serviços prestados aqui na capital, como a Águas de Teresina pretende agir em parceria com a Prefeitura para garantir o cumprimento das metas pactuadas no contrato? 

São assuntos diferentes, apesar da Arsete ser uma agência municipal, quando a gente visita Arsete, é uma pauta cotidiana, a Arsete regula os serviços da Águas de Teresina. Essa relação é diária, com luxo de informações e principalmente nesse primeiro momento ele exige que haja uma calibragem boa entre o que nós estamos recebendo e o que a Arsete vai imprimir no ritmo do contrato. Temos que estar alinhado com o projeto de prefeitura e com as políticas de desenvolvimento urbano, para poder cooperar, integrar, e sugerir melhores práticas e melhores caminhos. 

A Águas de Teresina já iniciou os investimentos na capital, inicialmente a empresa selecionou 14 bairros com histórico de falta de água para passar por um plano de ações emergenciais. Com o está o andamento deste plano e o prazo de conclusão? 

Quando nós estávamos no processo de transição ficou claro que o B-R-O-BRO, essa época do ano que começa em setembro e vai até dezembro, ela é muito marcante na vida das pessoas, e historicamente era onda a falta de água se fazia mais presente. E mapeamos essas 14 áreas, como as que deveriam ser prioritárias na ação. Colocamos como ações emergenciais e não de longo prazo para diminuir o impacto, esse B-R-O -BRO ainda vai ter falta de água em Teresina, mas não será como era antes. Elencamos atividades de rápido tiro, e algumas delas já fizemos nas primeiras semanas. Algumas são de cunho interno como lavagem de filtro, mudança de área de decantação, ações nas estações de tratamento de água, para segurança de fornecimento hídrico, a reinstalação de quadros elétricos, bombas substitutas, tudo são ações que diminuem os riscos de fornecimento quando for mais necessário e fizemos ações no campo como no bairro Eduardo Costa, Orgulho do Piauí, Angelim, onde a gente fez pequenas interligações em adutoras de 150 mm, e já melhorou muito o fornecimento de água daquelas regiões. 

Bairros como o Vamos Ver o Sol apresenta problemas com a quantidade de vazamentos. A consequência disso são buracos e elevações que se formam na frente das casas. O que que a nova empresa vai fazer para resolver esse tipo de problema?

O contrato da gente é baseado em três tipos de objetivos bem claros: água, esgoto e perdas. As perdas são tipificadas de várias formas, a primeira é operacional, é a evaporação, produção por lavagem de filtro, a gente de fato tem uma perda natural no processo de produção no mundo inteiro. Nós temos também a perda operacional fora das estações de tratamento de água, que são os vazamentos e temos as perdas comerciais ou ligações clandestinas, onde há um desvio do uso da água. A gente para atender as pessoas de forma geral, diminui a intermitência no fornecimento de água, a gente vai notadamente aumentar a oferta de água na cidade. Aumentando a oferta, significa que nós vamos aumentar a pressão operacional das redes. As redes operavam a uma média de 10 metros de coluna de água de pressão, quando a gente vai passar para 11 mil m³/h de água para 14 mil m³/h, portanto nós vamos aumentar a pressão do sistema. O que não estava vazando, vai vazar. A primeira impressão é que os vazamentos operacionais nas ruas vão aumentar e é verdade, porque queremos levar a água mais longe para as pessoas, depois da gente mudar essa pressão, conseguirmos o balanço hídrico adequado, é que a gente vai vir de fora pra dentro, ou seja, corrigindo esses vazamentos nas ruas. A gente não pode escapar ou fugir da nossa obrigação, o que nós fizermos de intervenção vamos corrigir e sanar o pavimento original. 

A empresa ganhou o processo de subconcessão se comprometendo a investir R$ 1,7 bilhão, sendo R$ 650 milhões nos primeiros cinco anos. Diante deste quadro de dificuldade financeira e econômica no país, a empresa continua garantindo os valores para investimentos? 

Continuam garantidos. Esses investimentos são nossos. Temos capacidade financeira, somos uma empresa que já estamos em outros 40 municípios, temos um foco de natureza conservadora em relação a essas abordagens, temos uma estrutura financeira muito consolidada. Nós temos dentro do corpo de acionistas o Banco Mundial, o Fundo Soberano de Cingapura e temos o sócio brasileiro da operação. Isso aqui nos dá um lastro de finanças bastante adequado para nossa missão e traz para nós um volume de responsabilidade de governança também para aquilo que está contratado. Nós temos um compromisso com a cidade de Teresina, com o estado do Piauí, então isso não pode mudar porque alguma coisa se altera.

Teresina enfrenta um problema constante de falta de água. Quando a empresa pretende dar solução a esse problema? 

No terceiro ano da concessão vamos ter o fim da intermitência para os 800 mil teresinenses. Mas agora, nesse ano já teremos um primeiro impacto, com mais de 300 mil famílias com esses resultados.

Leia a entrevista na íntegra no Jornal O Dia de hoje (21).


Por: João Magalhães e Mayara Martins
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