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Obesos enfrentam dificuldade para conseguir emprego em Teresina

Doença tende a crescer ainda mais, visto que a quantidade de pessoas que está com sobrepeso é mais da metade da população brasileira.

11/10/2017 06:50

Dificuldade para caminhar e agachar, sensação de inchaço, preconceito e problemas para arranjar emprego. Estas são apenas algumas das inúmeras complicações enfrentadas pelas pessoas que sofrem com a obesidade. O problema, que acomete cerca de 20% da população brasileira, de acordo com o Vigitel 2017 do Ministério da Saúde, aumentou cerca de 7% nos últimos dez anos e preocupa os especialistas.

Nadyesda Aguiar tem 30 anos e se enquadra na modalidade obesa desde seus 15 anos. Ela, que era muito magra na adolescência, teve um distúrbio hormonal durante sua primeira e única gravidez e chegou a aumentar 138 kg. Depois de mais de uma década tentando superar o problema, hoje ela pesa 110 kg e tem 1,75 m de altura. Nadyesda vai, agora, recorrer a tratamento cirúrgico para emagrecer.


 A obesidade, que acomete cerca de 20% da população brasileira, aumentou cerca de 7% nos últimos dez anos e preocupa os especialistas (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

 “É muito difícil ser obesa em uma sociedade magra. Estou desempregada há um ano porque, mesmo eu tendo as qualificações, eles preferem os magros. Já tentei academia, alimentação controlada, mas fica um efeito sanfona, volto a engordar mais ainda do que já era. Tomo medicação para os hormônios e na hora que eu paro, aumento de novo”, lamenta.

Além de todo preconceito e dificuldade que a comunidade obesa enfrenta, o tratamento é complexo e caro. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) está promovendo uma campanha para o Dia Nacional de Prevenção à Obesidade, comemorado hoje (11), com o objetivo de destacar a importância da prevenção da doença, que só tende a crescer, visto que a quantidade de pessoas que está com sobrepeso chega a ser de 53,8% da população e a evolução para o estágio de obesidade não é muito distante.

Filhos de pais obesos têm 80% de chances de ter a doença

O endocrinologista Wallace Miranda explica que existem dois fatores que influenciam nas causas da obesidade, os genéticos e os ambientais, este último subdividido em má alimentação e ausência de atividades físicas.

“Em relação à genética, quando o pai ou a mãe é obesa, a chance de a criança ser obesa chega a 80%. No caso da alimentação, apesar de algumas pesquisas indicarem uma melhora na ingestão de frutas e redução de refrigerante, ainda nos alimentamos muito mal. Nossa alimentação tem muito excesso de calorias, carboidratos, gorduras ruins e saturadas. Comemos chocolate e muito açúcar, que, além de obesidade, causam ainda outras complicações, como diabetes, hipertensão arterial, câncer e derrame”, explica.

No que diz respeito às atividades físicas, Wallace destaca que se tem melhorado, mas ainda não o suficiente. Chamando a atenção para a obesidade infantil, ele salienta que, para as crianças, o ideal seria que elas fizessem atividades físicas fortes, como correr, brincar, andar de bicicleta, durante pelo menos uma hora por dia, o que, na verdade, tem reduzido bastante com os novos hábitos digitais dos pequenos.

“Quem tem crianças até dois anos, deve evitar o máximo possível expor elas ao tempo de tela, que é o tempo no computador, televisão, celular e tablet. O ideal é que elas fiquem paradas assim somente até no máximo duas horas por dia. Vale lembrar que o problema da obesidade infantil não é um problema só da criança, mas também da família. Tem que instituir a prevenção e cuidado disso no âmbito familiar desde sempre”, indica.

Mesmo sendo verificada em qualquer idade, desde a infân cia à terceira idade, a obesidade é mais presente na fase adulta. Segundo Wallace, isso acontece porque, além dos maus hábitos, sedentarismo e genética durante a infância, a alimentação é descontrolada. “A probabilidade de uma criança que já é obesa sofrer com o problema também na fase adulta é de 80%”, ressalta o endocrinologista.

Por: Karoll Oliveira - Jornal O Dia
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