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Promotor diz que vai pedir pena de 6 a 20 anos para cunhado de Ana Hickmann

Gustavo Corrêa foi interrogado nesta segunda, em audiência na Justiça; juíza vai decidir se ele será julgado ou inocentado da morte de Rodrigo de Pádua, em maio de 2016, em um hotel.

18/12/2017 15:20

O promotor de Justiça Francisco Santiago disse, nesta segunda-feira (18), que vai pedir pena de seis a 20 anos de prisão para Gustavo Corrêa, cunhado da apresentadora Ana Hickmann. Ele foi interrogado em Belo Horizonte em uma audiência sobre a morte de Rodrigo Augusto de Pádua nesta segunda e disse que "faria exatamente tudo de novo porque eu não tive opção".

Gustavo Corrêa, cunhado de Ana Hickmann, e a esposa Giovana. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

A apresentadora Ana Hickmann sofreu um atentado por um "fã" na capital mineira, em maio de 2016. O crime aconteceu dentro de um hotel no bairro Belvedere. Gustavo matou Rodrigo após este atirar contra sua mulher, Giovana Oliveira, assessora da apresentadora.

O cunhado de Ana Hickmann foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio doloso, quando há intenção de matar. O argumento do promotor é que como Rodrigo foi morto com três tiros na nuca, houve excesso de legítima defesa e se configura um crime de homicídio.

“Onde é que foram dados os tiros? Na nuca de alguém. Como eu posso entender legítima defesa com quem dá três tiros na nuca de alguém? (...) A legitima defesa exige que você tenha moderação na sua ação. A lei não diz que você pode matar. A lei diz que você pode se defender, mesmo que tenha que matar. A vítima estava dominada”, disse o promotor Francisco Santiago.

Já o Gustavo Corrêa disse que não teve opção. "Sempre estive bem aliviado, independente se a decisão fosse favorável ou não porque eu fiz o que eu tinha que fazer para salvar minha família e a minha vida", contou o réu na saída do interrogatório.

Gustavo comentou o fato de Rodrigo de Pádua estar no hotel com revólver e munição especial. "Ele tinha munição especial e tinha mais cinco balas no bolso. Alguém que vem com dez balas para dentro de um hotel, com uma munição especial, ele não vem pra brincar", disse.

"Eu 'tô' bem tranquilo, não tranquilo por ter tirado uma vida, óbvio que não, mas, enfim, antes a dele do que a minha", falou o réu.

O advogado de Gustavo, Fernando José da Costa, disse acreditar que a juíza não vai levar o processo a júri popular. "O que foi produzido durante toda a instrução, com depoimento, leva à certeza absoluta que os três disparos são sequenciais e é caso de legitima defesa", disse.

Audiências de instrução

Nesta segunda-feira (18), além do interrogatório de Gustavo, prestaram depoimentos três testemunhas, sendo uma delas o irmão de Rodrigo, Helison Augusto de Pádua, que falou pela promotoria. As outras duas testemunhas, que é a perita contratada pela família da apresentadora e um funcionário do hotel, foram indicadas pela defesa. Este último foi ouvido em São João Nepomuceno, na Zona da Mata de Minas Gerais, por carta precatória, na última segunda-feira (11). A audiência terminou às 11h20.

Nesta fase do processo, a juíza a Ámalin Aziz Sant'ana ouve testemunhas, interroga o réu e, depois, recebe as alegações da acusação e da defesa para decidir se Gustavo será julgado, e como, ou inocentado. Caso a magistrada decida pelo julgamento, Gustavo pode ir a júri popular ou ser julgado pela Vara Criminal comum, onde um juiz decide sem júri.

Em outubro deste ano, a apresentadora prestou depoimento como testemunha em Belo Horizonte. Na ocasião, a apresentadora disse que o processo contra o cunhado é uma "tremenda injustiça". Também foram ouvidos a mulher e a mãe de Gustavo, além do cabeleireiro que estava com as duas no momento do atentado.

‘Ninguém sabe quem ele era realmente’

O irmão de Rodrigo, Helison Augusto de Pádua, disse na entrada do Fórum Lafayette, no centro de Belo Horizonte, que o jovem era um rapaz amoroso, estudioso e que “ninguém sabia quem ele era realmente”.

“Não estou justificando a forma como ele chegou e o que aconteceu. Mas uma coisa não justifica a outra. Os áudios [que constam no inquérito] dizem claramente, ele fala claramente: ‘eu não vou matar ninguém. Eu não sou assassino’. Meu irmão nunca brigou. Nunca levou uma briga para dentro de casa”, disse Helison.

O irmão disse que Rodrigo era estudioso e tinha um negócio de doces há cinco anos. Ele pretendia estudar medicina e era um rapaz tranquilo e amoroso com a família.

 Rodrigo de Pádua, 'fã' de Ana Hickmann morto em hotel de Belo Horizonte (Foto: Reprodução/TV Globo)

Helison defende, também, a tese da acusação, de que não houve legítima defesa uma vez que Rodrigo foi morto por tiros na nuca.

“Até hoje, eles [a família de Ana Hickmann] puderam ser ouvidos. Que ele entrou lá, que ele tentou matar ela. Na verdade, quem pode dizer que ele queria matar realmente? Quem disse que o tiro que saiu foi o meu irmão que disparou? (...) Meu irmão estava muito machucado e tomou três tiros na nuca. Quer dizer, era uma arma só. Se ele tomou a arma de uma pessoa, porque tem que matar ela?”, detalhou.

Segundo Helison, o processo aponta contradições entre depoimentos das pessoas envolvidas no fato. “Pelos menos, houve várias contradições. Tanto do cabeleireiro, tanto das pessoas que estavam no hotel. (...) Porque mentir? Ele [Gustavo] disse que meu irmão estava com a arma apontada para a cabeça, o próprio cabeleireiro disse que não”, contou.

Já perita criminal contratada pela defesa de Gustavo Corrêa, Rosângela Monteiro, afirmou que não há provas que indiquem que Rodrigo de Pádua estava imobilizado por Gustavo. “Eles estavam em luta corporal. Não tem imobilização. Os dois estavam lutando. Não tem nada, não tem vestígio nenhum que ele estivesse em uma situação de submissão ou imobilizado”, explicou a perita.

Entenda o caso

Rodrigo, que era de Juiz de Fora, na Zona da Mata, estava hospedado no mesmo hotel que Ana Hickmann, no dia 21 de maio de 2016. Segundo o boletim de ocorrência, ele rendeu Gustavo e o obrigou a ir até o quarto de Ana, onde também estava a mulher dele, Giovana, que é assessora da apresentadora.

O delegado de Homicídios Flávio Grossi contou à época do crime que Ana Hickmann desmaiou depois que Giovana, já baleada, caiu de costas sobre seu braço. As duas foram socorridas pelo cabeleireiro que atenderia a modelo. Ele chegou a gravar, no telefone, trechos da conversa de Rodrigo com a equipe de Ana Hickmann rendida dentro do quarto.

As duas mulheres deixaram o quarto no momento em que Gustavo começou a lutar com Rodrigo. Na luta, Rodrigo foi morto com três tiros. Giovana contou, em depoimento, que o "fã" falou em "roleta russa".

Após ser baleada, Giovana ficou internada em um hospital de Belo Horizonte até o dia 25 de maio, quando foi transferida para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Ela teve alta no dia 2 de junho de 2016.

No perfil que Rodrigo mantinha no Instagram, todos os posts eram relacionados à apresentadora, que o fã dizia amar. Flávio Grossi disse que a família de Rodrigo Augusto de Pádua sabia do fascínio do jovem pela modelo.

Fonte: G1
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