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A desconstrução do Brasil - Ensino público e gratuito sob ataque direto

A meta é "œestrangular" as IFES até que não possam funcionar.

20/02/2020 11:37

Insatisfeito com a não adesão das Universidades e Institutos Federais ao Future-se, Programa que prevê a “privatização” da gestão das Instituições de Ensino Superior gratuito no Brasil, o Ministro da Educação, Sr. Abraham Weintraub, continua com suas empreitadas diárias de ataque a todo o sistema educacional de nível superior no Brasil.

Os professores, profissionais mais respeitados em países em que o processo democrático é avançado, passaram no Brasil a ser, não apenas discriminados, visto que esta postura discriminatória é antiga e poucos querem ser professores porque a remuneração é baixa, mas passaram também a ser perseguidos e declarados como inimigos do atual Estado brasileiro que pretende deixá-los à mingua e sem direitos.

Em meio a choques de informações que emanam do governo e enxurrada de portarias que procuram reduzir o orçamento das Instituições Federais e reduzir os direitos dos Professores e servidores, o Ministério da Educação, ora informa que não gastou o orçamento de 2019, ora informa que é necessário reduzir despesas e, portanto, os Reitores devem escolher onde cortar na carne, mas o próprio MEC sugere que seja dos adicionais noturnos, horas extras e promoções garantidas por lei, visto que investimentos e outras despesas já foram cortadas. A meta é “estrangular” as IFES até que não possam funcionar.

Por trás do ataque generalizado ao Sistema de Ensino Superior Público e gratuito duas intenções estão bem claras desde o início do governo de Jair Bolsonaro, de um lado, reduzir a formação do brasileiro a um nível funcional, operacional sem desenvolvimento do pensamento humano e crítico, transformando o brasileiro em homem/mulher lavoro, dócil e de fácil manipulação e dominação, não envolvido com política e que acredita que política se faz sem ideologia. E, por outro lado, fomentar o mercado educacional com abertura para o capital, inclusive, na gestão das Federais.

Essas mudanças propostas, caso obtenham êxito, deixarão o Brasil na mesma posição contumaz de consumidor de tecnologia e ciência externa, visto que maior parte da produção científica do país se realiza dentro das Universidades Federais. Por outro lado, a dominação continuará a se estabelecer até que não se tenha mais direitos e o sistema neoliberal venha a implodir, como ocorrido no Chile recentemente.

A mentira como padrão comunicacional

Em outubro de 2019 foi instalada no Congresso Nacional a CPMI- Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, Presidida pelo Senador Ângelo Coronel do PSD- Bahia tendo como Relatora a Deputada Federal Lídice da Mata do PSB-Bahia. A CPMI tinha como meta inicial investigar os impactos das “fake news” na sociedade; o Cyberbullying enquanto aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio; as consequências econômicas da produção e disseminação das notícias falsas que atentam contra a democracia no mundo; e o esquema de financiamento de informações falsas durante o pleito de 2018.

Desde novembro, portanto, a Comissão vem tentando desvendar o que o Brasil e o mundo já sabem: que é o lucrativo mercado da mentira, primeiro como motor de construção da campanha eleitoral e depois como política comunicacional do atual governo.

Nesse contexto, a Deputada Federal Joice Hasselman do PSL de São Paulo e ex-líder do Governo na Câmara, em depoimento afirmou haver um gabinete do ódio nas estruturas do governo e que teria como líderes o Deputado Federal, Eduardo Bolsonaro e o Vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, ambos filhos do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. Segundo a ex-aliada do Presidente, todos que discordam da família Bolsonaro são colocados numa lista e passam a sofrer ataques diretos dos robôs e das milícias digitais vinculadas a estrutura de poder do clã dos Bolsonaros ( disponível em: < https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/12/04/ex-aliada-de-bolsonaro-joice-detalha-a-cpmi-da-fake-news-como-atua-gabinete-do-odio.ghtml>. Enquanto isso, o Governo tenta minimizar os prejuízos de imagem com a CPMI e orienta os assessores convocados a depor. As atividades da CPMI ainda continuam, mas foram convocados nomes como Alan Lopes dos Santos do Portal Terça Livre (https://www.tercalivre.com.br/ ), além de especialistas em tecnologia virtual social e estratégia de comunicação política, deputados e senadores, dentre uma extensa lista. Nomes como Luciano Ayan do blog de extrema direita Ceticismo Político e Paulo Oliveira Eneas do blog Crítica Nacional, foram mencionados durante as audiências como fabricadores contumazes de fake News.

Vale destacar aqui, que não se trata de um esquema, mas de um grande mercado da mentira contumaz utilizada a partir da inspiração no modelo psicológico do FIVE 5 ou, como preferem alguns do modelo OCEAN, que detalha o perfil do público, dentre outras coisas, em termos de valores pessoais/coletivos e crenças e, a partir de então, trabalha informações falsas travestidas de notícias para conseguir a adesão massiva de parte do povo brasileiro, que muito embora, muitas vezes, tenha consciência de que se trata de fake News, ainda assim, adere e compartilha, visto que concorda com seus objetivos finais.

A misoginia como arma

A misoginia no Brasil é uma prática corriqueira de homens heterossexuais e, por vezes, de homossexuais também. As mulheres sofrem assédio, abusos, são estupradas e mortas. Nossos índices de feminicídio são estarrecedores e já tratei milhares de vezes deste tema nesta coluna. Enquanto isso, o povo brasileiro inconsciente de si, prefere debater, discutir e combater pelas redes sociais o feminismo e não o feminicídio, e continua imputando a culpa pelos crimes que sofrem, às próprias mulheres. Para além dessa aberração que é cognitiva, mas é, principalmente, uma política de dominação androcêntrica, consciente ou não; temos agora a misoginia como arma no governo brasileiro, sendo praticada pelo Presidente, seus filhos e seus seguidores em massa. A jornalista Patrícia Campos de Melo que em 2019 fez uma matéria sobre os disparos de mensagem em massa por empresas em apoio ao candidato Bolsonaro, foi atacada pelo ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacowns Hans River do Nascimento, que em depoimento na CPMI e sem argumentos que pudessem contrariar a fala da jornalista, mentiu ao falar que Patrícia Campos propôs trocar informações por favores sexuais. Como se não bastasse, o Presidente, Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, fizeram o mesmo e para além de assediadores, se transformaram em autorizadores do assédio e da misoginia no Brasil, visto que ocupam cargos públicos de grande relevância e reflexividade. O fato é que essas ações e falas misóginas visam desqualificar o trabalho da jornalista e atinge todas nós que precisamos andar de acordo e cumprir com o estipulado na cartilha machista para podermos sobreviver neste país de hipócritas. Sejamxs todxs feministas!

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