Já faz bastante tempo desde que estive aqui pela última vez. Ainda estávamos nos preparando para comemorar o Natal. Desde então, nenhuma palavra, nenhuma publicação.
Às vezes eu preciso calar para falar comigo mesma; escutar meus silêncios, descobrir quem é essa mulher que me olha tão fixamente do espelho...
Do início de 2015 para cá, muita coisa mudou. Trabalho, rotina, reforma. Muito barulho, dentro e fora de mim. Por isso resolvi calar aqui e me observar mais.
Tenho a sensação de que havia esquecido um pouco isso desde que me tornei mãe. Observo tanto a Laura, tento não perder uma só expressão dela, que muitas vezes esqueço-me de olhar pra mim.
Por isso, nesse tempo, eu me descobri mais. Prestei mais atenção no que ando lendo, ouvindo, sabendo e fazendo. Fiz uma faxina mental. Reforcei meus alicerces.
Se sou totalmente outra, depois desses três meses? Sim e não. Sou sempre outra. Mudo constantemente. Ao mesmo tempo, permaneço imutável e sou a velha Vivi que sempre conheci.
O fato é que aprendi algumas coisas. Aprendi que não serei perfeita e nem conseguirei fazer todas as coisas que desejo, no tempo em que desejo.
Aprendi que o meu tempo é diferente do tempo das coisas e que preciso respeitar isso.
Ao me calar, falei mais comigo. Prestei mais atenção a mim e à minha família. Revisitei minhas dores e revivi minhas alegrias. Tentei – e vou continuar tentando – melhorar a mim mesma.
Nesse tempo, aprendi que há brigas que não vale a pena comprar. E que há outras que, mesmo não sendo “minhas”, são minhas sim, e não posso ficar calada.
Mas depois de tanto tempo calada, eu preciso falar da necessidade de espalharmos amor. Nós, mães, amamos demais, ininterruptamente. Mas precisamos aprender a estender esse amor a outros filhos, que não são nossos. E que o são, por serem filhos de outras mães.
Num mundo em que o desamor ganha cada vez mais espaço, precisamos ensinar o amor. Pelo exemplo.
Precisamos a aprender a descobrir nos olhos dos outros o universo colorido e cheio de amor que encontramos ao mergulharmos no olhar de nossos filhos.
Por: Viviane Bandeira, jornalista e mãe da Laura e de uma estrelinha