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As mulheres na arbitragem do Piauí: Elas são apenas 7% do quadro da FFP

Izaura Sousa, Isadora Eris e Maura Cunha atualmente são as únicas mulheres no quadro de arbitragem do estado

01/10/2019 18:49

Elas são apenas 7% do quadro de arbitragem da FFP (FOTO: Jailson Soares) 

Arbitragem no Brasil é um assunto que por si só rende muitas discussões, mas atualmente alguns números do quadro de arbitragem do país chama atenção. A quantidade de mulheres trabalhando, seja como arbitras central ou assistentes é muito inferior ao de homens. Em estados como o de São Paulo o quadro tem 400 profissionais, mas apenas 14 mulheres. Quando fazemos o recorte para o Piauí os números também são desanimadores: São 40 árbitros no quadro da FFP (Federação de Futebol do Piauí) e somente três mulheres.


Tá na Rede também destacou a arbitragem feminina 

O Piauí nunca formou uma arbitra central, apenas arbitras assistentes. Atualmente, Izaura Sousa, Isadora Eris e Maura Cunha são as únicas mulheres do estado que se desafiam a estar em um ambiente tão masculino e que não falta no currículo delas são historias sobre a profissão ‘hobby’.

“As pessoas acham que essa é nossa profissão e que necessitamos estar ali ouvindo tudo aquilo. Eu entrei na arbitragem pelo fato de gostar de esportes, de ser uma praticante de atividade física assídua quando era mais nova, porém para as mulheres é tudo bem mais complicado, desde o teste físico até mesmo ser escalada para os torneios”, relata Maura.

Isadora Eris e Izaura Sousa são duas das três arbitras que fazem parte do quadro FFP (FOTO: Jailson Soares)

Esse ano a arbitra paranaense, Edina Alves, quebrou um hiato de quase 15 anos, após ser escalada para apitar no dia 27 de maio o jogo entre CSA e Goiás pela Série A do Brasileiro. Antes dela, a primeira mulher a apitar jogos da elite do campeonato brasileiro masculino, clássicos e competições internacionais, como a sul-americana foi Silvia Regina.

Paranense Edina Alves (FOTO: CBF)

Izaura tem uma historia com a arbitragem que passa diretamente por sua família. Nos últimos 10 anos ela chegou a estar em campo pelo Brasileiro Série B, Brasileiro de Futebol Feminino A1 e no próprio Piauiense 1ª divisão. Nesse caminho, se tornou mãe e isso dificultou mais as coisas aos olhos dela.

“A gente chega um momento que precisa decidir. Eu estava em minha melhor fase quando engravidei, porém não me arrependo. A arbitragem é um caminho duro e para nós mulheres ainda mais. Às vezes os próprios colegas se incomodam com seu crescimento, a necessidade de se blindar nos jogos para tentar ignorar as ofensas vindas das arquibancadas. Eu por inúmeras vezes passei em testes físicos e vi colegas homens não passar e mesmo assim ficava semanas, meses, sem ser escalada para jogos. Eu não via explicação e por isso decidi priorizar minha família”, conta Izaura.

Izaura é o nome mais experiente e chega a ser vista como inspiração para as meninas que estão ingressando agora neste ambiente, caso, por exemplo, da garota Isadora. Ela entrou no quadro de arbitragem da FFP há dois anos. “A Izaura é uma referencia para todas nós, pois ela já esteve em grandes jogos. Eu estou encontrando um cenário um pouco diferente do que ela encontrou, e por ter entrado por ter tios árbitros eu sinto que todos me apoiam e incentivam”, explica Isadora.  

No mês de novembro acontece curso de arbitragem com o objetivo e ampliar o quadro do estado e se vive expectativa de novas mulheres ingressarem. “Não só na arbitragem, mas em tudo na vida é preciso ter coragem para superar as dificuldades. Se você quer, tem esse sonho se esforce e as coisas vão acontecer”, disse Izaura.

A mensagem que cada uma delas deixa é de incentivo. De que é possível exercer a profissão de arbitra; mesmo que a aceitação não seja maior do que anos atrás.

Por: Pâmella Maranhão - Jornal ODia
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