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Donald Trump: o conselheiro do "œBrexit"

Trump admitiu que havia dado um conselho à May, no entanto, a primeira-ministra o havia ignorado.

27/12/2018 07:58

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, revelou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lhe disse para "processar a União Europeia" em meio às tratativas de negociações do “Brexit” (a saída dos britânicos do bloco europeu). Tal inusitado conselho ocorreu durante a primeira visita oficial do presidente ao Reino Unido. Trump admitiu que havia dado um conselho à May, no entanto, a primeira-ministra o havia ignorado. Durante uma coletiva de imprensa, Donald Trump foi questionado sobre o que tinha dito à primeira-ministra. Tendo feito ressalvas, disse que não deu "um conselho, mas uma sugestão" e que entendia inteiramente o porquê de sua “sugestão” não ter sido acatada. Contudo, Trump não revelou detalhes mais específicos do que havia sugerido à May. Todavia, a primeira ministra não quis guardar segredo em relação a sugestão de Trump. Em uma entrevista afirmou que: "Ele me disse para processar a União Europeia, e não entrar em negociações”. Como percebido algo muito básico. Não negociar e simplesmente processar. Mesmo ante a sugestão de Donald Trump, Theresa May afirmou que ao deixar a União Europeia, o Reino Unido vai fazer acordos comerciais com outras nações, vai acabar com a livre circulação de pessoas e não mais vai seguir as regras impostas pela Corte Europeia de Justiça. A primeira-ministra do Reino Unido defendeu seu projeto para o “Brexit” e pediu apoio dos seus críticos. O governo britânico enfrenta uma profunda divisão interna por causa da forma com que May tem negociado a saída do bloco. Membros do Partido Conservador favoráveis ao chamado "hard Brexit" ("Brexit duro", em tradução livre), a ruptura mais radical com a União Europeia sem participação no mercado único, deixaram seus cargos por considerarem o plano de May suave demais. O então ministro das Relações Exteriores Boris Johnson se retirou do governo na, horas após o ministro especial para o “Brexit”, David Davis, também ter renunciado. Ambos são contra a manutenção de laços econômicos com a União Europeia após a saída do bloco. May insiste que sua proposta permita que o Reino Unido faça seus próprios acordos comerciais, apesar de prever regras comerciais comuns com a União Europeia. Afirma que tais regras são necessárias para proteger os empregos em empresas com cadeias de suprimento que cruzam fronteiras no território europeu. Antes de se encontrar com May, o presidente dos E.U.A havia criticado a forma com que a primeira-ministra está conduzindo o “Brexit”. Uma entrevista de Trump ao jornal The Sun publicada quando de sua visita ao Reino Unido, colocou o governo britânico em uma situação delicada. O presidente americano disse que a proposta de May, de buscar uma área de livre comércio de bens com a União Europeia, "mataria" qualquer perspectiva de negócios com os E.U.A. Na mesma entrevista, o presidente elogiou o ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, desafeto de May, e criticou o prefeito de Londres, Sadiq Khan, que é muçulmano. Questionado sobre as críticas que fez à May, Trump afirmou que a primeira-ministra faz um trabalho magnífico e chamou, acreditem, a própria entrevista de fake news, ou seja, de falsa notícia. O presidente americano afirmou que, na edição da entrevista que deu ao The Sun, o jornal omitiu as declarações positivas que fez sobre May. Isso, segundo ele, equivale a fake news. Além do mal-estar com governo britânico, essa visita realiza em julho desse ano por Trump, ainda gerou inúmeros protestos. Cidadãos contrários à visita de Donald Trump organizaram manifestações em diferentes cidades do Reino Unido. Em Londres, onde dezenas de milhares de pessoas foram às ruas contra o presidente americano, um balão representando Trump como um "bebê chorão", de fraldas e com um celular na mão, alçou voos ao lado do Parlamento britânico. Ao que tudo indica os conselhos de Donald Trump não contribuíram muito para consolidar um acordo que promovesse um “Brexit” menos traumático.

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