O Núcleo de Estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Piauí não sabe quantas mulheres morreram vítimas de estupro este ano. A justificativa é que os dados são subnotificados, pois as vítimas não registram Boletim de Ocorrência. O Núcleo de Feminicídio também não tem os registros. A justificativa é que o órgão foi criado em março. 

Em ambos os Núcleos (estatística e feminicídio), quando existem os dados, eles são apenas gerais, ou seja, de mulheres mortas ou de mulheres estupradas. As informações não são cruzadas, avaliadas ou pesquisadas. Os números mais recentes são apenas de Teresina, no ano de 2014.

A situação é preocupante, principalmente se visto pelo lado do desenvolvimento de políticas públicas de proteção às vítimas. É impossível criar estratégias sem ter noção do que acontece, como acontece e em que frequência acontece. É para isso que servem as estatísticas e, sem elas, continuaremos desenvolvendo o tradicional método de enxugar gelo.

Aliás, na próxima pesquisa nacional sobre estupros ou feminicídio, não será possível concluir que o Piauí está entre os Estados com menores índices. Na melhor das hipóteses, os registros até existem, mas não há o interesse de disponibilizá-los a quem solicita.

Fonte: Da Redação