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Homofobia: quando não mata o corpo, destrói a alma

A turma do "œnão sou preconceituoso, mas..." compõe 99% dos homofóbicos. Eles não matam o corpo, mas destroem a alma

27/11/2017 17:27

É cada dia mais evidente, pra mim, que os danos causados pelos homofóbicos que batem ou o que matam não são os piores. Em quantidade, digamos que eles representam 1% do grupo. Eles poderão responder a um processo ou ser presos. Há esperança de que sejam punidos e sirvam de exemplo.

Os mais nocivos são aqueles que fingem. A turma do “não sou preconceituoso, mas...”, que compõe 99% dos homofóbicos. Eles não matam o corpo, mas destroem a alma. E não serão responsabilizados por isso. Pelo contrário, são considerados “cidadãos de bem”, dignos de respeito.

Resultado de imagem para resistir

Quem presencia as atitudes dessas pessoas, não consegue perceber de imediato que são preconceituosas. É que elas vestem a homofobia com a capa da piada, da opinião, e – vejam só! – do amor.

Eis aí o motivo pelo qual afirmo que são mais danosos. Do homofóbico violento nós podemos fugir. Se nos sentirmos em perigo, podemos gritar, pedir socorro, chamar a polícia. Mas, dos homofóbicos dissimulados, temos que ser vítimas silenciosas. Denunciá-los pode nos transformar em algozes. “Você está exagerando...”, “Tem que respeitar a opinião”, “Eles não são obrigados a entender”, “Eles são de outra época”... E por aí vai.

Não se leva em consideração os males que essas pessoas causam à nossa alma. Poucos compreendem que elas não nos tiram sangue, mas arrancam lágrimas, destroçam o nosso coração, acabam com as nossas forças e com as esperanças de que um dia as coisas poderão ser melhores.

Geralmente, aqueles que escondem a homofobia estão logo ali, ao nosso lado. São pessoas tão próximas, que nós demoramos para admitir do que elas realmente são capazes. E, quando descobrimos, a dor se mistura com decepção e vergonha.

Tentamos compreender como o preconceito de pessoas que tanto amamos chegou àquele ponto, e não conseguimos. É um sentimento de impotência tão grande, que nossa única vontade é de nos distanciar daquilo que está nos fazendo tanto mal. Só que esta não é uma alternativa. O fardo precisa ser carregado.

Isso não significa, obviamente, se curvar diante do preconceito, mas encará-lo como uma missão. Vai ser desgastante, vai doer a cada palavra dita ou não dita, a cada reflexão que não foi feita, mas - quem sabe um dia - a gente consiga tirar essas pessoas das trevas da homofobia.

Eu gosto muito da palavra “resistência” e é ela que me guia. Sejamos firmes e resistentes. Se nada conseguirmos mudar, pelo menos ninguém pode nos acusar de não termos lutado para tornar melhores as pessoas que amamos.

Fonte: Nayara Felizardo
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