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Nossas crianças morrem

Essa dor não está nas estatísticas, não aparece nos jornais e nem afeta as pessoas mais insensíveis

11/10/2017 18:09

O assunto não é alegre às vésperas de um 12 de outubro, mas é necessário. De acordo com o levantamento sobre o Índice de Homicídios de Adolescentes (IHA) do Unicef, o Piauí é 7º estado do Brasil onde os jovens têm mais chances de serem assassinados.

Por aqui, a taxa é de 5,57 adolescentes mortos para cada grupo de mil habitantes. Teresina também figura entre as 10 capitais com maior taxa de mortes de adolescentes: 6,59 assassinatos para cada grupo de mil habitantes. O mesmo levantamento do Unicef mostra que as chances de um negro ser assassinado são quase três vezes maiores do que as de um jovem pardo, amarelo ou branco.

Nossas crianças morrem, mas dificilmente haverá alguma grande comoção com essa alarmante estatística, seja da sociedade em geral, seja dos gestores públicos. Isso porque as principais vítimas são os negros pobres da periferia. É como se essa condição fosse uma sentença.

As declarações sobre a maioria dos assassinatos se resumem aos termos “acerto de contas”, “precedentes criminais”, “envolvimento com o crime”, “conhecido da polícia”. As frases saem da boca de fontes oficiais como uma tentativa de aliviar o peso da morte.

Para algumas pessoas que usam a lógica do “bandido bom é bandido morto”, a estratégia funciona, mas ela não ameniza o sofrimento da mãe lá do bairro Renascença, que na noite de terça-feira (10) travou uma luta com o assassino do filho.

Essa dor não está nas estatísticas, não aparece nos jornais e nem afeta as pessoas mais insensíveis. O extermínio da juventude negra da periferia não é visto como ele realmente se configura: um problema social grave.

Fonte: Nayara Felizardo
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