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O que essa dor na lombar tem a ver com minha orientação sexual?

Os conflitos de identidade relacionados à sexualidade surgem quando eu preciso lutar pela valorização dentro dos ambientes em que estou inserida.

20/12/2017 14:02

Que a homofobia mata e maltrata, todos nós que somos vítimas já sabemos, mas que ela provoca dores físicas foi algo que descobri após dois anos de terapia, quando meu psicólogo explicou sobre a Formação em Leitura Biológica.

Antes de falar melhor sobre essa relação, preciso dizer que a decisão por expor parte do meu processo terapêutico é consciente e respeita os limites éticos. Não estou transcrevendo o que foi dialogado com o terapeuta. Trata-se de uma interpretação, com base no que consegui apreender até o momento. Dito isto, continuo...

Desde 2013 eu sinto dores nas costas, com períodos mais ou menos intensos. Após tratamento com remédio ou fisioterapia elas melhoram, mas em algum momento voltam a incomodar. O que isso tem a ver com minha orientação sexual se explica pela localização das dores. 

Parece complicado, mas na prática é bem simples de compreender, principalmente quando o terapeuta tem uma visão holística do ser humano e não isola os aspectos emocionais das causas espirituais e biológicas.

Minhas dores se concentram na lombar, o que indica conflitos de identidade e sentimento de desvalorização, de acordo com a abordagem da Formação em Leitura Biológica, que ainda é pouco aplicada em Teresina. Como o incômodo irradia para a região pélvica, existe uma relação mais próxima com a sexualidade. 

Explicando a grosso modo é como se – de forma inconsciente – eu me sentisse desvalorizada por ser diferente. Os conflitos de identidade relacionados à sexualidade surgem quando eu preciso lutar pela valorização dentro dos ambientes em que estou inserida. 

Na busca por resolver esses conflitos de identidade e para ser valorizada da forma como sou, ou seja, lésbica, eu uso minha capacidade intelectual para enfrentar a homofobia. E toda a carga emocional decorrente desses embates vai parar na coluna. 

E agora? O que fazer depois de descobrir tudo isso, justamente nesse contexto social que exige de nós termos mais força para o embate contra a homofobia?

Segundo o meu terapeuta, não será necessário desenvolver maior resistência à dor (ufa!). Só em ter consciência da causa do problema, os impactos emocionais já serão menores. Aliado a isso, preciso trabalhar internamente essa necessidade de valorização externa e focar na autovalorização, compreendendo que o outro não define quem eu sou.

Come on, hold on!

Fonte: Nayara Felizardo
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