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Espelho, espelho meu, quem sou eu?

Confira o texto publicado na coluna Logosofia no Jornal O Dia.

26/09/2019 08:25

“A transformação do mundo a partir de si mesmo” (ISBN: 978-85-60232-02-4) foi o tema que os jovens pesquisadores de Logosofia se propuseram investigar à luz desta nova concepção humanística. Esse estudo os fez voltar sobre a realidade do mundo mental, cuja influência mais evidente se expressa na cultura e costumes de um povo. Também os fez refletir sobre seu mundo interno, que se manifesta em seu temperamento, caráter, tendências e predileções. A investigação os levou a revisar os conceitos e valores que devem ser incorporados à vida, para que cada um seja ator consciente dessa transformação.

Se o estudo levou os jovens a perceberem o quanto podiam realizar em si mesmos, despertou também o sentimento altruísta de querer fazer com que outros pudessem viver e experimentar a mesma felicidade. Perceberam, ao final, que a transformação do mundo está vinculada à própria superação da espécie humana no que diz respeito às suas possibilidades intelectuais, morais e espirituais.

Os ensaios publicados nas páginas deste livro apresentam reflexões e experiências dos jovens em torno deste tema. Os resultados alcançados até o momento indicam que ainda há muito por fazer. Que isso se constitua num grande estímulo para que todos se unam em um grande ideal: a superação.

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Espelho, espelho meu, quem sou eu?

Era uma vez uma madrasta bondosa. Todos os dias, ela se olhava no espelho e perguntava:

– Espelho, espelho meu, quem sou eu?

E o espelho – que era ela mesma – respondia apenas o que ela já sabia, porque se esforçava para se conhecer mais a cada dia.

Nesse exercício de autoconhecimento e superação, aquela bela senhora, detentora do título de rainha, era também detentora de um grande respeito e afeto de todo o reino.

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Você costuma se olhar no espelho, preocupado em se apresentar bem? Eu faço isso. Mas, por mais bem vestida ou maquiada que eu esteja, se estou brava, minha fisionomia deixa transparecer o que está se passando comigo.

Embora aconteça muita coisa dentro de mim, só comecei a ver isso quando descobri um outro espelho, no qual todos deveríamos mirar. É claro que, se o que vemos nesse espelho não é físico, o espelho, em si, também não pode ser físico, não é mesmo? Então, como funciona? De forma semelhante: usando a reflexão! Vejamos...

Quando observo, costumo classificar o que vejo em positivo ou – na maioria das vezes – negativo. Faço isso inconscientemente; é apenas um hábito, movido, no meu caso, pelo pensamento de crítica ou reclamação. Usando esse espelho, enxerguei que não me sinto bem quando uso meus olhos para ver o negativo, pois isso não me serve para nada, porque não tem um objetivo construtivo.

O que fazer diante dessa constatação? Vou ao encontro do meu espelho invisível: “Quem sou eu?”. Preciso voltar a observação para mim mesma e me perguntar: “Tenho a característica negativa que observei no outro? Estou ajudando a mudar as situações que critico?”

Ao olhar para mim, descubro que, algumas vezes, tenho essa mesma deficiência ou até alguma outra. E se tenho o defeito observado, não posso reclamar do outro; preciso é cuidar de mim! Mudando, quem sabe conseguirei ajudar os outros a mudarem também? Se, no entanto, não tenho o defeito observado, deve ser porque, no lugar dele, tenho alguma característica positiva ou virtude. Sendo assim, tampouco devo reclamar; tenho que ajudar o outro a cultivar essa característica positiva para substituir a negativa.

Isto é, qualquer que seja a resposta, minha postura tem que ser sempre a de ajudar. Dessa forma, faço minhas observações com mais generosidade. Se não for assim, o que acontece? O que todos sabem: um reclama de um lado, o outro reclama do outro, todos ficam insatisfeitos e nada muda.

Antes de aprender a usar esse espelho, ora eu via o negativo nos outros, mas não em mim, ora deixava de ver o que eu tinha de positivo e, por isso, não oferecia esse bem às pessoas a minha volta.

Muitas vezes, quando tentava oferecer o que eu tinha de bom, era normalmente porque me incomodava o fato de aquela pessoa não ser como eu queria, e não porque eu realmente estava pensando no bem dela. Por exemplo: me considero uma pessoa organizada, mas observei que, geralmente, quando peço ou mando alguém organizar alguma coisa, é porque estou irritada com a sua bagunça; não porque penso nas vantagens que ele terá se for mais organizado.

O exercício de autoconhecimento e superação frente a esse espelho que sou eu mesma me predispõe a ser melhor e a colaborar para que o mundo seja um lugar de mais bondade e mútua compreensão.

E você? O que vê no seu espelho hoje?

Fonte: Renata Antunes Evaristo Braga – São Paulo/SP– Pesquisadora da Ciência Logosófica.
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