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Parnaíba no chão

Mais uma vez Parnaíba fica sem voos comerciais

18/09/2015 22:55

Parnaíba mais uma vez encerra o ciclo de vôos regulares a partir de 5 de Novembro, quando a Azul deixará de operar os atuais 3 vôos por semana que ligam o litoral Piauiense a capital do estado e a Fortaleza. Durante o mês de Agosto, a ocupação média dos voos foram de 44%, em uma aeronave de 70 assentos cujo ponto de equilíbrio médio é de 65% neste tipo de operação.

A empresa em declaração oficial, afirmou que devido reestruturação da malha aérea deixará de servir a Parnaíba a partir de 5 de Novembro. Podemos apontar 3 fatos para esta decisão:

1) Alta do dólar, todos insumos na aviação são baseados no dólar, considerando IOF, temos hoje um dólar que vale R$4,00, quando os voos começaram o dólar valia menos de R$2,50.

2) Baixa ocupação, em um produto onde o ponto de equilíbrio gira ao redor de 65%, operar com 44% é perder 21% em um momento de grave crise econômica, o capital financeiro não aceita desaforo.

3) O "vencimento" do incentivo de redução de ICMS por parte do governo. Este ponto seria facilmente resolvido, afinal o governador Wellington Dias tem um histórico de preocupação com a integração aérea do estado.

Haviam críticas em relação aos dias de operação e horários do voo, a empresa chegou a ensaiar a introdução de um voo as sexta-feiras, no entanto solicitou no último dia 15 via HOTRAN na ANAC a exclusão de todas permissões de vôos envolvendo a cidade de Parnaíba. Se serve de consolo, Parnaíba não foi a única "atacada" na Azul, a cidade baiana de Feira de Santana perdeu 6 das 7 frequências semanais, assim como as mineiras Araxá (de forte apelo turístico) e Patos de Minas também reduzidas a uma única frequência semanal. Dificilmente outra empresa aérea irá encarar neste cenário econômico do Brasil uma entrada no mercado, pois a Azul já usava o seu menor avião, quanto maior o avião, maior o seu custo operacional.

"GANGORRA"

Parnaíba já foi servida por várias empresas em várias épocas, na década de 90 chegou a ter voos diários com EMB120 Brasília de 30 assentos pela Nordeste ou até voos com Fokker 100 da TABA na rota Belém - Parnaíba - Fortaleza. Posteriormente a Nordeste operou apenas nos finais de semana com Fokker 50 de 50 assentos. Com o fim da Nordeste, absorvida pela VARIG em 2002, a OceanAir assumiu com o mesmo Embraer 120 Brasília a rota, inicialmente diário, e depois paulatinamente sendo reduzida até a total extinção em 2005. Então iniciou-se um período sem voos com operadores regulares até a chegada da Azul em 2014. Em 2007/2008 houve uma tentativa local com um táxi aéreo operando um avião de 19 lugares que era o LET 410 pela Litorânea Taxi Aéreo, avião este que julgo como adequado para desenvolver este mercado no cenário atual.

Vale lembrar que a SETE Linhas Aéreas prospectou entrar na rota THE-PHB-FOR com o EMB120 Brasília, mas abortou seus planos por ter enxergado o futuro do dólar alto. Infelizmente esta empresa foi procurada pelo autor deste blog para apresentar vários estudos, mas não retornou aos contatos.

"AGESPISA DO AR"

O governador clamou mais uma vez por uma iniciativa Piauiense que operasse voos, no passado já cogitou até a constituição de uma estatal. No entanto, em 2013, eu, autor deste blog, fiz todo um projeto e na época houve uma troca de secretário de turismo, que sequer quis receber-me, bem como contatei em 2014 um empresário de aviação local que igualmente não demonstrou interesse em conhecer o projeto, preferindo manter o foco do seu negócio. O projeto é consistente, no entanto envolve grande capital mobilizado para seu inicio.

O transporte aéreo no Piauí é necessário, principalmente para vencer distâncias como de São Raimundo Nonato ou Petrolina até a capital ou tornar uma viagem ao litoral mais agradável com incomparável ganho de tempo. No entanto desenvolver uma empresa aérea requer capital para bancar o seu começo, bem como o capital de giro até o negócio "pegar", uma "AGESPISA DO AR" não custaria menos de 20 milhões e ainda assim lutaria contra o dólar, pois esta é a moeda da aviação, todos os custos são calculados na moeda norte-americana (inclusive para aviões da Embraer, fabricados ali em São José dos Campos). Além disso é necessário intervenção em infra-estrutura nos aeroportos de Picos e Floriano para o desenvolvimento de vôos regulares, atendendo a requisitos AVSEC - Aviation Security, referentes a segurança e inspeção do pessoal que embarcar.

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