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O pais que estiveram ontem à noitinha no Shopping Riverside se emocionaram bastante com o show da banda Top Gun. Com releituras de músicas da década de 1980, a banda fez uma justa homenagem ao pais, e nós nos sentimos de fato homenageados.

Ao final de cada música executada, a certeza de cumplicidade entre banda e plateia era corroborada. E outra música, e lá vinha a mistura do tempo, o relógio imaginário que fazia reviver o vivido. A sonoridade das canções antigas trazia de volta, aquilo que disse Paulo Mendes Campos, "uma mansa nostalgia aos homens de idade". Uma careta ou um trejeito da vocalista, interpretando os sucessos da cantora Madonna, lembrava a performance de outra cantora oitentista em cima do palco, a espevitada Cyndi Lauper, uma beleza. 

As irresistíveis It's Raining Men (The Weather Girls) e How Can I Go (Freddie Mercury e Montserrat Caballé) mexeram demais com as senhores e senhores presentes, diria que foi o ponto alto do show. Mas seria injustiça não mencionar a interpretação de I Can't Get no satisfaction dos Rolling Stones, foi estonteante, emocionante, especialmente porque a vocalista encarnou com fidelidade o soprano feminino de Edson Cordeiro sobre a música de Mick Jagger.

A essa altura, o público já havia descido da arquibancada. Se misturou, dançou, vibrou, cantou, fez coro. Os pais voltaram à adolescência, e os jovens filhos entenderam um pouco mais o universo musical de seus pais. Todos, por um instante, esqueceram a crise, a roubalheira, a música ruim de hoje, e se uniram na mesma pista de dança ao som de Beat It, do rei do pop. 

A viagem ao passado, musicalmente falando, correspondeu às expectativas. E aquela velha máxima de que quem vive de passado é museu, não vingou, enfraqueceu, fora substituída por outra: recordar é viver. Ao tocarem aquelas músicas antigas, a banda Top Gun nos deu uma nova lufada de oxigênio, nos deu um novo ânimo para encarar com alegria o envelhecimento.  

Dançar e arrepiar-se com as músicas de grupos como Erasure, Depeche Mode e Alphaville ainda vale muito a pena, mesmo que a coluna faça croc, croc e a hérnia de disco sofra com uma dorzinha persistente.