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Continho de natal 4

Gosta de olhar os funcionários da prefeitura que ornamentam as árvores da pracinha, defronte ao seu trabalho

13/12/2016 22:55

Imagem: Google 

Jerusa é auxiliar de dentista. Passa o dia inteiro enfurnada num consultório, quase sempre cheio. Auxilia daqui e auxilia dali, vive uma intensa correria. Funcionária full-time. Às vezes, esquece-se de si mesma. Quando sobra um tempinho, minúsculos que seja, vai ao banheiro, e lá, nesse cubículo íntimo, pela fresta do box, gosta de olhar os funcionários da prefeitura que ornamentam as árvores da pracinha, defronte ao seu trabalho, com luzes e cores natalinas. Há dias eles trabalham arduamente na ornamentação desse cartão postal do bairro. E Jerusa louva isso, o surgimento de uma grande arte. Abrem caixas, puxam fios, instalam lâmpadas coloridas, sobem e descem escadas. Tudo inspecionado pelo olhar clandestino da auxiliar. E como uma brusca epifania, Jerusa se dá conta de que, praticamente, já é o natal. E ela, na pressa do cotidiano, nas tarefas do trabalho, nem planejou ainda a ceia. Nem comprado os presentes havia. Meu Deus! Precisava encomendar o Chester. Urge uma pausa na profissão de sua vida. Urge um envolvimento a mais com o nascimento do menino Jesus. Que os chefes dentistas a perdoassem; que os pacientes agendados por ela a compreendessem; que os representantes, bem, estes que sumissem um pouco, mas a preparação para a chegada do Natal era imprescindível. Saíra do lavabo disposta a resolver tudo na velocidade de um trem bala. E a primeira providência era ligar para a costureira de sempre e encomendar um vestido vermelho, com as mesmas medidas e os mesmos enfeites que a ocasião exigirá.          

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