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Jim Diamond, o embalador dos anos 80

a música de Jim Diamond era convidativa para uma louca paixão ardente, para uma aventurazinha amorosa

10/10/2015 21:28

Imagem: Google 

Existem músicas, que de tão especiais, servem, acima de tudo, para refinar o espirito. Uma boa canção, bem composta, bem trabalhada, linda, magistral, é capaz de ter seu feito catártico perdurado por muito tempo na vida do homem. E Aristóteles tinha razão quando disse que, “há na música um prazer que toca a própria natureza, que seduz todas as idades, todos os caracteres, que torna seu culto agradável”.

Essa pequena introdução é para informar aos senhores amantes da bela música romântica, que o mundo perdeu hoje o cantor e compositor escocês Jim Diamond. O músico de estilo e voz única era dono de hits que embalaram toda uma geração, ops! A minha geração anos 80. Quem de meus contemporâneos não arfou de emoção ao dançar agarradinho com a namorada da oitava série ao som de Diamond? Quem de meus amigos não roubou selinhos de suas amadas enquanto rolava na vitrola a canção, “I Should Have Known Better”? Quem de vós, camaradas apressadinhos, não tentou apalpar os seios de suas espartanas resistentes no escurinho do Clube Recreativo Francisco Alves, lá no Dirceu Arcoverde, ao som da doce canção, Remember I Love You? Amigos de infância me disseram recentemente que Jim Diamond virou até trilha sonora conjugal.

O sucesso de Jim Diamond entre nós, jovens imberbes da época, foi tão explosivo, que a Rede Globo introduziu “I Should Have Known Better” na trilha de suas novelas, lembram velhos noveleiros de plantão? Pois sim, a música foi tema do casal de pombinhos Lenita (Vivido pela sempre linda Deborah Evelyn) e Edson (O eterno galã José Mayer) em a “Gata Comeu” (1985), folhetim danado de bom de Ivani Ribeiro.

Meus caros, a música de Jim Diamond era convidativa para uma louca paixão ardente, para uma aventurazinha amorosa, para uma cópula rapidinha ou para um amor duradouro. Como também era apropriada para uma baita dor de cotovelo, para uma acachapante desilusão amorosa, e pasme, para calcinhas e sutiãs intocáveis, inacessíveis daquele tempo em que mulher não cedia facilmente.

Sim meus queridos amantes de músicas românticas enlatadas, Jim Diamond reduplicava em suas melosas melodias, toda a sonoridade singela do amor, a melopeia exata e certeira dos corações sensíveis da recente pós-ditadura. E você que é festeiro sabe muito bem que não há repertório nenhum dos anos 80 que não esteja incluída a prazerosa “I Won’t Let You Down”, não existe nenhuma rádio nesse mundo de meu Deus que na hora do programa das antigas não toque o velho e bom Jim Diamond, é tão obrigatório como Roberto Carlos.

E digo mais, não há ninguém que viveu os intensos anos 80 que escute Diamond e não sinta no mais recôndito esconderijo de seu coração, uma tremenda saudade dolorosa, não sinta um volt de nostalgia do tempo de juventude com os hormônios a flor da pele, que não se lembre daqueles bailinhos idílicos do último horário da escola. Porque Jim Diamond era essencialmente colegial, essencialmente secundarista de nossas opções apuradas, sua música fazia parte da grade curricular do nosso ensino médio, da nossa educação sentimental.

Por isso, meus velhos amigos de Pires de Castro, de Colégio Cidade, de Paulo Ferraz, os versos de “I Should Have Known Better” martelarão durante muito tempo em minha mente, imagino que na de vocês também, afinal, como diria o senhor Aristóteles, o velho sábio da arte do belo, “é assim que os cantos que purificam as paixões dão aos homens uma alegria ingênua e pura, e, por esta razão, é com tais harmonias e cantos que os artistas que executam músicas devem agir sobre a alma dos ouvintes”.

Descanse em paz Jim Diamond, e quando puder toque uma de suas lindas baladas para Deus. 

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