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É chegada a vez da moda autoral!

Projeto Nômade, do Minas Trend, reuniu 20 marcas autorais do vestuário, acessório, calçados e objetos de design em ascensão.

17/11/2018 10:12

Pela primeira vez, o Minas Trend, a semana de moda mineira, realizada em Belo Horizonte, contou com um espaço dedicado a moda autoral. Ao longo do evento, o público pôde conhecer o Projeto Nômade, uma loja itinerante resultado da junção de 20 marcas autorais de vestuário, acessórios, calçados e objetos de design em ascensão. A iniciativa, promovida pelos designers Célio Dias e Marcella Lima, que compõe uma nova geração de criadores de moda, abre ainda mais espaço para a apresentação das novas e pequenas marcas.

O projeto é apenas um dos inúmeros reflexos que apontam para um mercado de moda cada vez mais inclusivo e direcionado pela busca por uma autoralidade. Para a desginer Marcella Lima, as marcas autorais vêm oferecendo produtos que representam alguém e, assim, um determinado público. Movidos pelo desejo de ir além da produção em série, novos criadores injetam no mercado criações com sua própria identidade. O público, por sua vez, cada vez mais em busca de um produto diferenciado, dá uma resposta positiva a esse movimento.

“Percebo que os produtos são uma extensão da personalidade de quem faz. A gente faz o que a gente acredita e gosta. Eu falo que eu desenho uma bolsa que eu gostaria de usar e eu sinto que todo mundo dessa geração da moda autoral tem essa relação com o produto também. O trabalho toma muito tempo da nossa vida então ele precisa ser gratificante nesse ponto, de poder dizer sobre mim e sobre os meus valores. A gente vê cada vez mais marcas nascendo e crescendo em função dessa resposta, querer trabalhar em algo que eu acredito e tem meus valores”, comenta.

Na moda autoral, esse processo de imprimir uma identidade, no entanto, passa por meios de produção diferentes dos desenvolvidos pela indústria em série. A criação demanda uma metodologia em menor escala. Nesse formato de desenvolvimento de produto, além de menos recursos, em alguns casos, as etapas são feitas artesanalmente. Assim o custo da peça final acaba sendo elevado, o que pode se tornar uma barreira na comercialização do produto junto aos consumidores.

“Na criação a gente tenta imprimir os códigos da marca e depois esses códigos podem mudar também. As minhas estampas manuais eu não consigo fazer em uma produção em série, mas eu consigo fazer isso, que são os meus códigos, impressos em estampas. Obviamente a peça que foi assinada por um artista, feita a mão ela é mais cara. Mas eu posso pegar esse código, essa identidade, e imprimir em uma estampa. O importante é não perder esses códigos, essa identidade”, explica Célio Dias.

Marcella acredita que esse é um desafio para os criadores autorais, oferecer um produto diferenciado, com um custo alto, para uma geração que cresceu em meio a fast-fashions e a um consumo de baixo custo. “Acho que é um processo de culturação que a gente ainda precisa fazer porque a nossa geração até tá mudando um pouco isso, mas a geração dos meus pais, por exemplo, ela cresceu comprando em loja de departamento. Então hoje é difícil falar do valor de uma produção pequeno, de um pagamento justo e de uma cadeia produtiva honesta. As pessoas não têm muita noção do custo de todo esse processo”.

O processo de colaboração é uma das estratégias que vem sendo usada para driblar as barreiras e tornar a moda autoral mais acessível. Os criadores têm feito parcerias com grandes marcas, ou com outros criadores, em um caminho que beneficia ambos.  No caso das grandes grifes, com a colaboração, ela se utiliza da identidade do designer para renovar seus produtos e o designer se utiliza do aparato de produção para criar em maior escala e reduzir seus custos.  Já na parceria com outra marca autoral, uma contribui com a divulgação da outra.

“Isso não é futuro, já está acontecendo hoje. As marcas brasileiras precisam acreditar mais nas marcas menores. Fora do país, a gente nota muitos casos específicos de marcas menores que deram uma chacoalhada no mercado justamente porque saíram da caixinha. E as marcas grandes elas estão enxergando isso porque o produto tem que renovar tem que se renovar, tem que ter um respiro e não adianta fazer as mesmas coisas”, acrescenta Célio.

Por: Yuri Ribeiro
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