Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Justin Bieber faz pegadinha de 1º de abril com fãs em SP

Neste sábado, ele 'trollou' fingindo que tinha ido embora. Cantor pediu silêncio em parte acústica e usou camisa do Palmeiras; ingressos de domingo esgotaram.

02/04/2017 15:06

Fogos não foram o único artifício para abrilhantar o show de Justin Bieber, cantor que evoluiu muito, mas ainda deixou a desejar em voz e performance neste sábado (1º), no Allianz Parque, em São Paulo. A produção mais requintada no palco e nas faixas do álbum “Purpose” (2015), que domina o repertório, também ajudaram na noite de encontro com um Bieber “maduro” – mas nem tanto.

Justin Bieber mostra a barriga durante o show (Foto: Flavio Moraes / G1)

No meio do show, ele saiu do palco e o cantor Rudy Mancuso, que tinha feito a apresentação de abertura, falou em português que ele não ia mais voltar. Era só pegadinha de 1º de abril, para alívio geral, e ele retornou em poucos segundos. Lá para o final do show, mais um momento fora do script no Allianz Parque: ele vestiu camisa do time da casa, o Palmeiras.

O show teve outro momento curioso na parte acústica, em que Bieber canta três músicas sozinho, só com voz e violão: ele pôs o dedo na boca pedindo silêncio, justamente para suas fãs conhecidas pelos gritinhos apaixonados.

O gesto à la João Gilberto veio logo depois de "Love yourself". O pedido, claro, não foi capaz de diminuir os gritos por mais que uns segundos.

Justin Bieber com a camisa do Palmeiras durante show no Allianz Parque em São Paulo (Foto: Rodrigo Ortega/G1)

Duas noites esgotadas

Foram 44 mil fãs, que haviam esgotado os ingressos em seis dias de venda, em outubro do ano passado. Com isso, ele abriu um show extra neste domingo (2). Segundo a assessoria de imprensa, os ingressos para o domingo também já foram esgotados neste sábado.

No show que começou pontualmente às 20h30 e durou cerca de 1h40, Bieber saiu de dentro de uma caixa transparente em "Mark my words", cantou dentro de uma cerca de led em "I'll show you" e fez solo de bateria em uma plataforma suspensa. Os efeitos do telão davam profundidade ao palco e, no fundo dele, volta e meia estouravam fogos de artifício e jatos de fumaça. Quesito: alegorias e adereços. Nota: 10.

Dólares na cueca

Uma ação publicitária difícil de perceber, mas agressiva, mostra a diferença entre a emoção verdadeira na plateia e os movimentos calculados no palco. Antes do show, o G1 foi avisado de que os fotógrafos poderiam fazer imagens de um local não muito perto do palco, e teriam que sair do estádio após a terceira música.

Esse tipo de pedido acontece com artistas mais velhos e já judiados pelo tempo, como Axl Rose ou Mick Jagger, mas é estranho para um jovenzinho já fotografado por todos os ângulos e closes possíveis todo dia. Vai vendo...

Ele começa o show no fundo do palco, o que rende fotos mais gerais do espetáculo ou com muito zoom. Então, ainda com os fotógrafos no estádio, caminha pela passarela e fica bem mais perto deles. Momento ótimo para os retratos. Então, ele levanta a camisa e mostra o tanquinho tatuado. Uau, essa foto vai render.

Na imagem nota-se, abaixo da barriga, a marca da cueca da grife que patrocina Justin Bieber. Enquanto as fãs berram, Bieber provavelmente ganha da grife milhares de dólares por uma das maiores pegadinhas de marketing que já se viu em turnês.

Ele controla todo o esquema de fotos e seu próprio movimento no palco para garantir que a melhor foto de perto seja com a marca patrocinadora.

Embalagem de luxo

Tudo empolgante (vide o delírio das fãs), mas fica uma pulga atrás da orelha - a mesma de quando se ouve “Purpose”. A superprodução de craques como Skrillex rende pérolas pop, mas será que o cantor ali atrás evoluiu isso tudo mesmo? Mais ou menos. Se você abstrair todos os extras visuais e sonoros no Allianz Parque, sobra um cantor de voz correta, mas mediana, só balançando de um lado pro outro, ou duro nas coreografias. Quesito: evolução. Nota: 8.

Ele canta metade de "Get used to it" com uma mão no bolso, postura que nenhum manual de expressão corporal ligaria a empolgação e entrega. Em "The feeling", faz uma voz mais grave e deixa os agudos difíceis para o playback, mesmo nos momentos da gravação que não têm a voz de Halsey.

Alguém pode contestar: e a parte acústica, em que ele fica sozinho num sofá, toca violão e canta, por exemplo, “Cold water” e “Love yourself”? Não prova que ele virou um “artista de verdade”? Sim e não. Ali ele se arrisca mesmo, sem companhia nem playback. Mas o violãozinho básico e a voz que modifica as melodias de forma estranha, engolida pelo coro das fãs, não são exatamente de um craque vocal, muito menos instrumental.

Show incompleto

O espetáculo consegue impressionar mesmo sem trazer a estrutura completa de outros shows da turnê mundial. Não há, por exemplo, as plataformas no meio do palco para Bieber e dançarinos em “Boyfriend”. A cama elástica suspensa em “Company” também ficou nos EUA. Com isso, ele tem que ficar mais tempo no meio do palco recorrendo aos velhos truques de cantor teen: movimentos sensuais para provocar gritinhos nas fãs e declarações genéricas de amor às beliebers.

Vou fazer uma comparação covarde, mas só para dar uma noção de que Justin Bieber subiu de patamar, mas ainda tem um longo caminho acima. No sábado passado, sua ex-namorada Selena Gomez presenciou em SP o show de seu atual companheiro, The Weeknd, no Lollapalooza. A voz e a musicalidade do conterrâneo canadense ainda fazem Bieber parecer que está na puberdade artística.

Durante quase todo o show ele usa um microfone preso à cabeça. Então, fica mais difícil separar o que é voz ao vivo e o que é apenas dublagem. Mas há playbacks óbvios, como em "No pressure", em que, sem motivo aparente, ele para de mexer os lábios e deixa a gravação rolar, e no final, em “Sorry”. Alguns "sorrys" saem sem Justin abrir a boca. Uma pena que uma das músicas mais legais dos últimos anos venha assim, meio na pegadinha.

Fonte: G1
Mais sobre: