Bob Iger, presidente da Disney, abriu as atividades do primeiro dia da D23 Expo, a maior convenção temática da empresa, exaltando como o estúdio mudou nos últimos dois anos. "Não há momento melhor para ser fã da Disney. Estamos expandindo para criar alegria e deslumbramento no mundo", discursou ele, nesta sexta-feira (23), no centro de convenções de Anaheim, na grande Los Angeles.
Mas um dos principais assunto nos corredores do pavilhão que fica a alguns
quilômetros da Disneyland, não foi a expansão da companhia, mas uma possível
diminuição no elenco.
"Chorei de verdade quando soube que o Homem-Aranha pode sair do Universo Cinematográfico
Marvel, porque vim para essa convenção como Homem-Aranha e agora estou vestindo
um produto da Sony", reclama o estudante Darren Askins, vestido como a
versão de Peter Parker em "Homem-Aranha no Aranhaverso", animação (da
Sony) do ano passado.
A presença do Aranha no MCU só foi possível após um acordo inédito entre os
dois estúdios rivais, há três anos. Nele, a Sony "emprestou" para a
Marvel/Disney o personagem do qual possui os direitos de cinema e TV.
Ele apareceu em três filmes do Universo Marvel, enquanto Kevin Feige,
presidente da Marvel Studios, produziu dois longas do Homem-Aranha para a Sony,
mas conectado ao universo Marvel.
A notícia da possível saída do personagem MCU estourou na última quarta-feira
(21), três dias depois da sequência "Homem-Aranha: Longe de Casa"
alcançar a marca de US$ 1,1 bilhão nas bilheterias e se tornar o filme mais
rentável da Sony.
A Disney propôs um novo contrato que dividiria meio a meio os custos e os
lucros da franquia aracnídea nos termos antigos, a empresa ganha uma pequena
participação nos lucros de bilheteria e merchandising.
A Sony não topou, pois não quer dividir os lucros de sua principal franquia ao
lado de "James Bond". Além disso, Tom Rothman, presidente da empresa,
acredita que já aprendeu tudo com a liderança e a visão de Feige nos dois
longas do Aranha.
Segundo a publicação norte-americana "Variety", a Sony ofereceu 25%
dos lucros para a Disney manter o acordo, mas os pais do Mickey Mouse não
aceitaram. O impasse foi criado.
"Eles estão parecendo os pais brigando pelos filhos depois da separação.
Eles deveriam pensar nos fãs e chegar a um acordo para manter uma casa
estável", reclama James Conway, 16, também fantasiado de Homem-Aranha.
"Acho que Aranha não vai sobreviver fora da Marvel. Como vão explicar o
uniforme dado pelo Homem de Ferro? Tony é o verdadeiro pai de Peter
Parker", completa Askins.
"Homem-Aranha não vai fazer tanto dinheiro fora da Marvel, nem vai ser tão
divertido", diz Marcus Mendoza, 15, vestido de Mysterio, vilão de
"Homem-Aranha: Longe de Casa", mas acompanhado da mãe, que leva o
capacete do cosplayer.
Guillermo Gonzales, 32, que viajou de Sacramento com a família para desfilar
sua fantasia elaborada de Homem de Ferro, se declarou "decepcionado".
"Não vou deixar de ver um filme do Homem-Aranha por causa da briga, mas
qual a razão disso? Tragam o herói de volta para o Universo Marvel", clama
o sósia latino de Robert Downey Jr., intérprete do Homem de Ferro.
"Não sei todos os detalhes, então não quero tomar partido", conta a
fã ponderada Morgan Ley, 14, vestida como Riri Williams, uma versão feminina e
jovem do Homem de Ferro. "Acho que a Marvel não fez nenhum filme bom do
Aranha.
O único que gosto é 'Aranhaverso", então a Sony pode explorar esse
universo que não vai fazer diferença", rebate a amiga Gaby Alon, 14,
fantasiada com o uniforme do Aranha do MCU.
Ironicamente, a apresentação de Bob Iger foi precedida por um vídeo com todas
as propriedades Disney, até as oriundas da Fox. No meio delas, uma cena rápida
de "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" (2017), primeiro filme do herói
gerado pelo acordo Sony/Disney. Um erro ou uma esperança em um final feliz?
"Homem-Aranha pertence à Marvel e não à Sony", conta Nijel Thames,
25, por baixo de sua máscara do aracnídeo. "Não tirem ele de casa. É o
coração do Universo Marvel."
Fonte: Folhapress