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Descoberto em ônibus, Yohansson elogia Petrúcio e busca 6ª medalha

Alagoano relembra início inusitado no esporte e já mira novo pódio um dia depois de levar o bronze nos 100m T47. Atleta corre o revezamento 4x100 nesta segunda-feira

12/09/2016 09:32

Corria um dia comum de 2005, quando um jovem magro e sem as duas mãos chamou a atenção da técnica de atletismo Walquíria Campelo. Ao avistar o rapaz em um ônibus de Maceió, a experiente treinadora não titubeou em abordá-lo, perguntando se ele conhecia o esporte paralímpico. Intrigado com a abordagem, Yohansson Nascimento decidiu aceitar o desafio de se tornar atleta. Hoje, aos 28 anos, o corredor tem no currículo cinco medalhas em Paralimpíadas, que podem virar seis nesta segunda, quando o alagoano corre o revezamento 4x100m T42-47, às 17h30, no Engenhão.

Yohansson Nascimento Petrúcio Ferreira 100m T47 Rio 2016 (Foto: Alexandre Loureiro/Getty Images)
Decrição da imagem: Yohansson Nascimento e Petrúcio Ferreira correm juntos com a bandeira brasileira após a final dos 100m T47 da Paralimpíada do Rio (Foto: Alexandre Loureiro/Getty Images)

- Fui descoberto num ônibus quando voltava do dentista. Ela perguntou se eu praticava algum esporte, respondi que só jogava futebol, então comecei a treinar. Nunca pude imaginar que seria um dos melhor atletas do mundo - contou Yohansson, que corre na classe T47 para atletas com deficiências nos membros superiores.

Yohansson já nasceu sem as duas mãos, o que não o impede de levar uma vida independente. Casado com a estudante universitária Thalita Lima desde 2013 - a quem ele pediu em casamento durante a Paralimpíada de Londres -, o velocista é um dos atletas mais extrovertidos da delegação brasileira. Neste domingo, o alagoano ficou com o bronze nos 100m T47 da Rio 2016 com o tempo de 10s79. O ouro foi para o compatriota Petrúcio Ferreira, que bateu o recorde mundial da prova ao estabelecer 10s57. Nesta segunda, os dois estarão lado a lado na equipe brasileira de revezamento, o que já tem rendido brincadeiras e elogios mútuos. 

- Foi a minha quinta medalha paralímpica, agora tenho duas pratas, dois bronzes e um ouro. Chegou a vez de ganhar a minha sexta correndo ao lado do Petrúcio. Cada medalha é uma história que a gente faz. Falo que levo sempre um livro em branco para cada competição para preenchê-lo com histórias - filosofou.

Yohansson Nascimento bronze 100m T47 Rio 2016 (Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB)

Descrição da imagem: Yohansson com a medalha de bronze dos 100m T47  (Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB)

Apesar de concorrentes na mesma classe, Yohansson e Petrúcio mantém amizade e respeito um pelo outro. Logo após a final dos 100m T47, o alagoano foi em direção ao paraibano para dar-lhe um abraço ainda na pista do Engenhão. Nove anos mais novo que Yohansson, Petrúcio tem no colega um exemplo a ser seguido, o que deixa o multi medalhista bastante orgulhoso.

- Fico feliz com as conquistas do Petrúcio e principalmente de saber que ele se espelhou em mim. Tenho certeza que ele pensa em ser tão campeão quanto o Yohansson e, quem sabe, em 2024 quando eu não estiver mais competindo, eu passo a assisti-lo nas telinhas - disse Yohansson.

Quanto ao futuro, o alagoano prefere não fazer previsões tão concretas. Perguntado se estará nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, ele afirmou que prefere pensar cada passo de uma vez, embora mantenha o otimismo em disputar mais uma Paralimpíada.

Yohansson Nascimento bronze 100m T47 Rio 2016 (Foto: Alexandre Loureiro/Getty Images)

Descrição da imagem: Yohansson abre os braços após cruzar a linha de chegada neste domingo (Foto: Alexandre Loureiro/Getty Images)

- Não é fácil você passar três ciclos paralímpicos como melhor do mundo. Treinamos dia após dia para chegarmos a isso. Quero fazer as coisas com calma. Próximo ano tem Campeonato Mundial, tenho um excelente treinador e quem sabe não posso chegar em Tóquio para disputar a minha quarta Paralimpíada. Agora é correr esse revezamento e colocar mais uma medalha no peito, no meu caso o primeiro ouro nessa Paralimpíada, no do Petrúcio, o segundo - finalizou.

Fonte: ge
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