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Descoberto na várzea, Patrick busca espaço no Palmeiras

Essa é a estrutura do Cara Virada Futebol Arte, projeto social em que Patrick de Paula, de 20 anos, treinava até 2016, antes de ser descoberto pelo Palmeiras.

20/01/2020 08:49

Alguns coletes, bolas e um campo de terra batida, irregular, localizado no bairro de Santa Margarida, na zona oeste do Rio de Janeiro. Essa é a estrutura do Cara Virada Futebol Arte, projeto social em que Patrick de Paula, de 20 anos, treinava até 2016, antes de ser descoberto pelo Palmeiras. 

Na época, ele era o jogador mais habilidoso do time e um pouco ousado, como define Wellington Correia Cesario, técnico e presidente do projeto no período em que o hoje atleta alviverde esteve por lá.

"Ele tem muita habilidade, é até marrento [risos]. Mas era o único que eu deixava bater com o peito do pé. Os outros garotos só podiam finalizar de chapa, que é o certo. O Patrick tinha uma habilidade acima do normal", conta Cesario.

Pelo Cara Virada, o meio-campista chegou a disputar o Estadual do Rio de Janeiro de futebol amador. Ao mesmo tempo, fez parte do Mamaô, outra equipe de sua comunidade, pela qual jogou a Taça das Favelas.

Em sua primeira entrevista exclusiva como profissional, o tímido atleta ficou até sem jeito na hora de ser fotografado. Já dentro de campo, a personalidade dele tem aflorado nos últimos anos.

Com habilidade nas duas pernas, destaca-se pela qualidade no passe e pela força de seus chutes. Foi assim que chamou a atenção de um dos olheiros do Palmeiras, no fim de 2016, quando recebeu convite para integrar a base do clube.

"Quando eu passei no teste [do Palmeiras], demorou a cair a ficha de que eu jogaria em um grande time, no maior do Brasil", afirmou o garoto, campeão brasileiro sub-20, em 2018, e da Copa do Brasil da mesma categoria, em 2019.


Descoberto na várzea, Patrick busca espaço no Palmeiras. Reprodução

Natural do Rio Janeiro, Patrick morava no bairro de Campo Grande com os pais, dois irmãos, uma sobrinha e seu cunhado. Ele é um dos seis atletas recém-promovidos pelo time alviverde ao elenco profissional.

Ao todo, a equipe tem agora no time profissional nove jogadores formados nas categorias de base.

Patrick atuou nas duas partidas de pré-temporada nos Estados Unidos. Começou o duelo com o Nacional-COL como titular e entrou no segundo tempo contra o New York City.

A decisão da diretoria de dar mais espaço aos garotos ocorreu antes da chegada do técnico Vanderlei Luxemburgo, em 15 de dezembro. Até agora, o treinador é a única contratação para a temporada de 2020, como reflexo de uma nova linha adotada pelo Palmeiras.

Com o elenco mais caro do país, ao lado do plantel do Flamengo, o time alviverde terminou a temporada 2019 sem nenhum título, enquanto a equipe carioca ganhou o Brasileiro e a Libertadores. Diante disso, os dirigentes resolveram diminuir o investimento em reforços e apostar na base.

"É um momento muito feliz para a gente, que está subindo", disse Patrick, promovido junto com Lucas Esteves, de 19 anos, Alan Guimarães, de 19, Gabriel Menino, de 19, Gabriel Veron, de 17, e Iván Angulo, de 20.

Além deles, Vinicius Silvestre, de 25, Pedrão, de 22, e Wesley, de 20, também formados na base, retornam após período de empréstimos a outros clubes.

A primeira competição profissional de alguns deles será o Paulista, que começa na próxima quarta-feira (22), dia em que o time alviverde estreará contra o Ituano, fora de casa.

Desde 2008, o Palmeiras não vence o Estadual. Na última vez em que levou a taça, o técnico da equipe também era Vanderlei Luxemburgo. Na ocasião, foi o quarto troféu da competição que ele ajudou o Palmeiras a ganhar. Também venceu o torneio em 1993, 1994 e 1996.

O treinador coleciona esses e diversos outros títulos em sua carreira, que teve seu auge na década de 1990 e no começo dos anos 2000. Patrick nasceu em 8 de setembro de 1999. Boa parte da trajetória de Luxemburgo ele só conhece pela TV.

"Eu não o conheço muito. Só sei de matérias que eu vi. Sei que ele ganhou muitos títulos, foi o último treinador a ganhar o Paulista pelo Palmeiras. Espero aprender muito com ele", afirmou o jovem carioca.

O meio-campista também está curtindo disputar a posição com jogadores mais experientes, como Bruno Henrique, de 30 anos.

"É uma briga muito sadia, com cada um buscando seu espaço", disse o atleta, que tem um jogador espanhol e um holandês como suas principais referências na posição em que atua.

"Eu gosto muito do Busquets e do De Jong [ambos do Barcelona]. Eu jogo de um jeito parecido com com o deles, com posse de bola, movimentação, e procuro também ajudar meus companheiros", descreveu-se o garoto palmeirense.

Fonte: Folhapress
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