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Glória aos 19 anos: o perseguidor de cabras que sonha disputar a Olimpíada

Nascido em São José do Brejo do Cruz, na Paraíba, Petrúcio Ferreira confirma o status de melhor do mundo e já planeja participar de competições convencionais

11/09/2016 15:45

É de São José do Brejo do Cruz, interior do Paraíba, que vem o jovem atleta de 19 anos que assombrou o mundo do esporte ao bater dois recordes mundiais na mesma edição dos Jogos Paralímpicos. Ouro na Rio 2016 neste domingo, no Engenhão, com o tempo de 10s57, Petrúcio Ferreira teve uma típica infância de garoto do interior paraibano, o que faz com que seus colegas de seleção o chamem de brincadeira de "perseguidor de cabras". Passado os minutos da euforia da conquista, Petrúcio já sabe o que vai perseguir nos próximos anos. Seguindo o exemplo do lendário Oscar Pistorius, o velocista brasileiro também sonha competir entre os olímpicos num futuro próximo.

Petrúcio acena para a torcida brasileira no Engenhão (Foto: Divulgação/CPB)

- Eu diria que ainda não pensei em correr com os olímpicos, mas espero obter melhores resultados no futuro, correr com os olímpicos, correr um trofeu brasil com o olímpicos também. Só tenho dois anos e meio no atletismo, ontem mesmo conversei com o meu treuinador: "Pedrinho, só treino há dois anos e meio, não cheguei ainda no topo do treinamento pesado, estou ainda nos ajustes, você acha que tenho condições de melhorar a minha marca:" Ele disse, sem duvidas - contou.

A ascensão de Petrúcio no atletismo foi meteórica. Em 2012, o paraibano sequer havia atentado para a realização dos Jogos Paralímpicos de Londres. O jovem corredor perdeu parte do braço esquerdo aos dois anos de idade, quando se acidentou com uma máquina de cortar grama na sua cidade. Os primeiros passos no esporte foram no futsal. Apesar de talentoso, Petrúcio tinha na velocidade a sua maior característica, o que o levou a praticar atletismo a partir de 2014. Naquele ano, ele já foi campeão nos 100m e 200m.

- Eu jogava futebol em Catolé do Rocha (região da Paraíba onde está localizada a sua cidade), o coordenador de esporte da Paraíba viu eu me destacando um pouco no futsal, dando aquela explosão para fazer o gol, daí ele conversou com meu professor. Eu tinha boa arrancada para o ataque. Que tal leva-lo para o atletismo devido à dificuldade que ele tem? Meu professor conversou comigo e eu resolvi mudar de esporte. Hoje estou aqui com uma medalha de ouro paralímpica - relembrou.

Petrúcio Ferreira é abraçado pelo presidente do CPB, Andrew Parsons, após receber a medalha de ouro da Paralimpíada do Rio (Foto: Alexandre Urch/MPIX/CPB)

Petrúcio era acompanhado como uma grande promessa, mas antecipou as previsões sobre seu potencial ao superar os tempos do compatriota campeão paralímpico Yohanson do Nascimento, que ficou com o bronze na final deste domingo. Ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no ano passado, ele só teve a trajetória de conquistas interrompidas quando ficou de fora do Mundial de Doha, pouco depois do Parapan, ao sofrer uma lesão muscular na coxa direita dias antes da competição.

- Quando a corrida termina eu penso em tudo que aconteceu na minha vida: de onde eu vim e onde eu estou hoje. Eu trabalhei tão duro para ganhar esta medalha, a medalha do Brasil. Eu gostaria de dedicá-la a todo o país, ao meu estado, a Paraíba, e principalmente aos meus pais - destacou.

Nesta segunda, Petrúcio volta ao Engenhão para correr o revezamento 4x100m T42-47, quando terá a oportunidade de tentar mais uma medalha para o Brasil, só que dessa vez com Yohansson como colega de equipe.

- De fato, apesar de ser uma corrida individual, nós também corremos juntos hoje - brincou o "perseguidor de cabras". 

Fonte: Globo Esporte
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