Fim de jogo. Camisa rasgada, jogada ao chão, e músculos de fora. De Lisboa para Milão, em nova final contra o Atlético de Madrid, Cristiano Ronaldo encerrou a noite exatamente da mesma forma que dois anos atrás: com pênalti convertido, vitória e conquista da Liga dos Campeões. Por coincidência, em nenhuma das duas decisões o craque português foi o homem do jogo - longe disso, ficou bem abaixo -, mas a imagem de sua celebração foi a marca do tÃÂtulo.
Em 2014, Cristiano foi mal na final, porém marcou de pênalti na prorrogação o último gol da vitória por 4 a 1. Desta vez, nova atuação apagada dele, e houve empate por 1 a 1 ao fim do tempo extra. O gol de pênalti do luso foi o último da série que valeu a “Undécima†(11ª Champions) do Real Madrid, a sua terceira pessoal (2008 com o Manchester United, 2014 e 2016 como merengue). Outra semelhança é que nas duas ocasiões ele chegou ao fim da temporada com problemas fÃÂsicos por conta do desgaste muscular. Em Lisboa, dores no joelho. Agora, na coxa. Mas isso não o impediu de ficar em campo durante os 120 minutos em ambas as vezes.
- Eu me sentia bem psicologicamente. Obviamente que algumas vezes o corpo não ajuda, mas isso não é desculpa. Tentei ajudar a equipe, corri, lutei, e ganhamos, que é o mais importante - disse CR7 na zona mista, ao ser perguntado se havia feito sacrifÃÂcio para estar na final de Milão.
Ainda assim, Cristiano foi capaz de conquistar marcas. Adicionou mais algumas àextensa lista: tornou-se o primeiro jogador português a vencer três Champions, o primeiro jogador a deixar sua marca em três finais - ainda que nesta não tenha marcado gol durante o tempo regulamentar -, e, uma vez mais foi o artilharia do torneio, com 16 gols, só um a menos do que em 2014, quando alcançou os 17, recorde de uma só edição.
- Ganhar outra vez a Liga dos Campeões, a minha terceira, ser o artilheiro desta competição, acho que não posso pedir mais. Corri muito, corri bastante. O que o Zidane disse na coletiva esta semana é que era importante correr muito, defender também, e foi o que eu fiz. Depois levamos o jogo para os pênaltis, e nos pênaltis é assim, é sempre uma loteria, você nunca sabe quem vai ganhar - analisou.
Cristiano Ronaldo encerra a temporada com 51 gols em 48 jogos, média de 1,06, mais uma vez impressionante em sua carreira. Apesar de não ter ido bem na final, foi o principal jogador do Real na conquista da Liga dos Campeões. Merece ganhar a Bola de Ouro de 2016?
- Virá de forma natural. Sou o artilheiro da Champions e nós fomos campeões. Não estou obcecado com isso - afirmou o craque, que já foi eleito o melhor do mundo três vezes.
Perto de renovar seu contrato com o Real após ser envolvido em muitas especulações com o Paris Saint-Germain, o português já pensa nos troféus da próxima temporada merengue. E recorda o momento da batida decisiva.
- No momento da cobrança, eu senti que ia marcar gol, eu me sentia muito confiante, não dá para explicar, mas senti isso. O teto não existe, é um teto aberto (sorri). Vamos continuar trabalhando e pensar que no próximo ano podemos fazer um bom campeonato e uma boa Champions.
Que Cristiano não foi bem, isso ficou evidente, mas ele até teve alguns números positivos no jogo. Como o próprio disse, correu muito, mais de 12km, chutou três vezes na direção do gol - contra uma de Bale e duas de Benzema - e marcou o pênalti decisivo.
Só que não foram vistas suas jogadas nem disparos geniais. E ele falhou mais do que o normal: errou 12 passes, teve a pior média de passes acertados dos jogadores do Real Madrid (71%), errou dribles e perdeu uma chance de gol clara na cara de Oblak, optando por tentar uma finta no goleiro - Bale ainda tentou o rebote, mas os colchoneros cortaram e iniciaram dali a jogada que originou o gol de empate de Carrasco.
Por pouco, CR7 não foi o vilão do jogo. Mas o futebol tem dessas, e o português saiu como herói.